Oncologistas pedem teleconsultas para evitar adiamento de consultas

Estudo realizado para avaliar impacto da pandemia em Portugal, entre março e abril, mostrou que quase 60% dos inquiridos “tiveram um crescimento de 30% das teleconsultas face ao volume total”

A Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) defende uma aposta na teleconsulta como forma de evitar adiamentos massivos de consultas. Com este método, defende a SPO, consegue-se manter o acompanhamento dos doentes oncológicos, contornando as restrições impostas pela pandemia da Covid-19.

Ana Raimundo, presidente da SPO, deu uma entrevista à Lusa, em que destacou que “menos de 10% das consultas de follow-up foram adiadas”.

Um estudo apresentado no domingo, no 17º Congresso Nacional de Oncologia, que teve como intuito avaliar o impacto inicial da pandemia em Portugal, entre março e abril, mostrou que quase 60% dos inquiridos “tiveram um crescimento de 30% das teleconsultas face ao volume total”.

A presidente da SPO referiu vários elementos que apoiam a continuidade da aplicação das teleconsultas, referindo que, nesta especialidade, “o médico assistente já conhece o doente, o que permite que as teleconsultas funcionam bastante bem. O 'feedback' foi muito positivo por parte dos doentes, que se sentiram seguros pelo facto de não terem de se deslocar ao hospital, e pelos próprios profissionais, que conseguem fazer uma avaliação do estado do doente de forma eficaz”.

Realçou ainda a estabilidade dos recursos humanos deste serviço, uma vez que, afirma, os médicos oncologistas “serão dos últimos médicos a serem recrutados, devido às caraterísticas dos doentes que seguem, e serão recrutados já numa situação extrema, em que já foram todos os outros profissionais recrutados, porque a taxa de mortalidade por cancro é superior à taxa de mortalidade por covid-19”.

A pandemia, afirma Ana Raimundo, afetou ainda o recrutamento de novos doentes para ensaios clínicos, referindo a mesma que “se aproximou de zero”, não tendo havido “um restabelecimento a 100%”.