EUA. “Quero confessar um homicídio”, diz doente terminal que matou jovem em 1995

“Nunca vivi uma situação onde simplesmente pego no telefone e recebo uma chamada destas”, disse o detetive Mukaddam, responsável pelo caso.

Quando atendeu o telefonema, que havia sido transferido duas vezes previamente, Sean Mukaddam, investigador de crimes violentos em Decatur, no estado norte-americano do Alabama, não imaginava aquilo que lhe seria dito pela pessoa que se encontrava no outro lado da linha. "Quero confessar um homicídio que cometi há muitos anos", ouviu o agente da polícia especializado em casos arquivados que viria a descobrir que havia sido contactado por Johnny Dwight Whited, homem que admitiu ter disparado um único tiro, em 1995, que matou um jovem numa área arborizada de Decatur.

“Ele não sabia a data ou o ano”, disse o detetive Mukaddam ao The New York Times. “Lutámos para descobrir aquilo de que ele estava a falar". No entanto, apesar das dificuldades inerentes ao distanciamento temporal, a polícia estudou os homicídios cometidos na área desde a década de 1980 assim como a localização fornecida por Whited e entendeu que o homem se referia à morte de Christopher Alvin Dailey, que ocorreu a 26 de abril de 1995. Deste modo, na quarta-feira passada e segundo o órgão de informação anteriormente referido, o alegado criminoso, hoje com 53 anos, deslocou-se até ao cenário do crime e reconstituiu o assassinato.

“Nunca vivi uma situação onde simplesmente pego no telefone e recebo uma chamada destas”, disse o detetive Mukaddam que não deixou de admitir que, trabalhando nas forças policiais há 15 anos, tem consciência de que os membros das mesmas sabem distinguir entre "dicas legítimas e pessoas que apenas querem publicidade", sendo que foram feitas "perguntas específicas" a Whited com o objetivo de se compreender se dizia a verdade ou somente pretendia "alguma notoriedade".

Mukkadam explicou ainda que nunca deparou com "nada deste género, em que o suspeito" lhe liga "do nada e quer confessar", acrescentou, evidenciando que o homem está "na fase final de uma doença", tendo-se mostrado "arrependido e envergonhado de certas coisas" e sentido a necessidade de "as tirar do peito". No entanto, o advogado de defesa de Whited, Griff Belser, esclareceu que quer encontrar-se com o cliente antes do caso ser discutido.

As autoridades adiantaram que a vítima, Dailey, tinha 26 anos à época do crime e o seu carro – um Toyota Tercel – foi encontrado no rio Tennessee e salientaram que o jovem não conhecia o agressor, tendo recusado fazer declarações sobre o suposto motivo que terá levado o homicida a cometer o assassinato. A verdade é que, ainda que a polícia nunca tenha desistido de reforçar que realizou uma "investigação intensiva", nunca foi identificado qualquer suspeito ao longo de 1/4 de século.

"Virei a última página e fechei o livro que eles escreveram", disse o detetive Mukkadam, que encerrou o caso, referindo que os antecessores trabalharam "muitas horas" no mesmo. Whited está acusado de homicídio qualificado e encontra-se detido na prisão do condado de Morgan, situada também no Alabama, sob uma fiança de 15 mil dólares (aproximadamente 12 mil 650 euros).