Sociedade Portuguesa de Oncologia propõe ‘via verde’

Esta modalidade permitiria agilizar o cuidado prestado aos pacientes para que o prognóstico seja mais positivo.

A presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO), Ana Raimundo, apelou à criação de uma “via verde” no tratamento de pacientes com cancro, assim como à libertação dos médicos de família no acompanhamento da covid-19 como estratégias para reduzir a taxa de mortalidade associada à patologia.

Esta tomada de posição prende-se com o facto de ter existido uma quebra de 60 a 80 por cento nos novos diagnósticos de cancro nos meses de março e abril. Este foi o valor apurado pela SPO durante a realização de um inquérito aos serviços de oncologia médica de todo o país. Na ótica de Ana Raimundo, a repercussão desta realidade será visível futuramente, pois “estes diagnósticos que não são feitos em tempo útil serão feitos mais tarde e em fase mais avançada de doença, portanto, com menor potencial de cura e tratamentos mais complicados”.

“Podemos prever que, sendo estes tumores diagnosticados em fases mais avançadas, vá haver dentro de três, quatro ou cinco anos um aumento da taxa de mortalidade por cancro”, justificou a dirigente, para quem uma das maiores preocupações passa por aquilo que ocorre “a montante dos hospitais”, salientando que muitos dos diagnósticos eram concretizados pelos médicos de família nos centros de saúde e que, por esta razão, estes profissionais de saúde devem deixar de ser “desviados para os serviços covid” para poderem regressar ao acompanhamento dos seus utentes. “Não estão nos centros de saúde, não fazem as consultas, nos doentes com suspeita de diagnóstico não são pedidos os meios complementares e, portanto, não é feito o diagnóstico”, concluiu a líder.

 

O que seria a 'via verde'?

Em países como o Brasil, esta modalidade permite a criação de um fluxo único e integrado entre as unidades de diagnóstico, cirurgia e tratamento oncológico para que seja reduzido o tempo de espera e agilizado o cuidado prestado aos pacientes para que haja um melhor prognóstico. Em Portugal, teria os mesmos moldes, nomeadamente, para auxiliar os pacientes que têm tumores mais agressivos e de rápida evolução. Segundo Ana Raimundo, a SPO já se reuniu com grupos parlamentares, estando igualmente articulada com a coordenação nacional para as doenças oncológicas e a ideia é considerada “interessante” pelos atores políticos.