Covid-19 – planear para proteger!

A antiga ministra da Saúde Ana Jorge disse recentemente que «o pânico não é bom conselheiro e não é bom que aconteça». Concorda-se, obviamente. Mas, para que esse pânico não aconteça, é necessário estarmos coletivamente preparados e confiantes. 

A grave crise sanitária e de saúde pública que vivemos traz à tona um conjunto de dúvidas quanto à capacidade para se encontrarem respostas eficazes a um problema que exige resposta enérgica. Lida-se com o problema em várias frentes, mas de modo essencialmente reativo, deixando a sensação de que corremos atrás do tempo perdido.

É de reconhecer o esforço feito por Portugal, mas também o muito mais a que estaríamos obrigados enquanto país que se quer desenvolvido. É certo que a pandemia coloca desafios desconhecidos todos os dias e que seria difícil estarmos muito melhor preparados para ela. Mas, depois do ébola, vacas loucas, gripe das aves ou H1N1, bem como de muitos estudos científicos que se debruçaram ao longo de anos e anos sobre essa possibilidade, devia ter sido claro que um dia a crise chegava, como chegou.

É dos livros que a resposta a um processo de crise seja planeada e preparada com antecedência. É necessário avaliar riscos e elaborar planos de intervenção exaustivos, os quais devem estar prontos em tempo útil. Depois, tudo tem de ser verificado, nomeadamente através de simulações e simulacros que testem algoritmos e os próprios sistemas de resposta, onde se treinam os atores, mas também se identificam deficiências e se dá oportunidade à sua correção. Neste processo, exige-se muito trabalho, mas também liderança, meios e que todos sejam envolvidos. Todos têm de estar informados e plenamente conscientes dos respetivos papeis para haver esperança numa boa resposta.

A antiga ministra da Saúde Ana Jorge disse recentemente que «o pânico não é bom conselheiro e não é bom que aconteça». Concorda-se, obviamente. Mas, para que esse pânico não aconteça, é necessário estarmos coletivamente preparados e confiantes. É preciso melhorar a educação, a mobilização e o treino de cidadãos e instituições, assim como reforçar a qualidade, a pertinência e a consistência da informação que lhes é prestada.

Numa sociedade que hoje vive amedrontada, algo desnorteada e no limite das suas capacidades, é ainda vital pensar na recuperação de tantos danos. Hoje é sobretudo de agir e resistir. Mas, num futuro que todos desejamos próximo e mais sereno, não poderemos descansar. E necessário tratar dessa recuperação e, sobretudo, planear e preparar respostas para estarmos mais protegidos em crises futuras.