Empresas. 85% deve manter postos de trabalho até ao final do ano, 10% pensa reduzir

Inquérito do Banco de Portugal e Instituto Nacional de Estatística revela que as empresas portuguesas ainda estão a ser afetadas pela pandemia.

As empresas portuguesas continuam a ser afetadas pela pandemia de covid-19. Pelo menos é isso que mostra o mais recente inquérito conjunto entre o Banco de Portugal (BdP) e o Instituto Nacional de Estatística (INE) que revela que 85% das empresas deverão manter os postos de trabalho até ao final deste ano. Já 10% tem planos para a sua redução.

Para o próximo ano, 74% das empresas planeiam manter os postos de trabalho, “sendo a percentagem que planeia aumentar e reduzir idêntica”. No caso do alojamento e restauração, a proporção de empresas que planeia reduzir os postos de trabalho, quer até ao final do ano quer em 2021, ronda os 35%.

O inquérito revela ainda que mais de metade das empresas que responderam reporta um impacto negativo ou muito negativo no que diz respeito à evolução do volume de negócios associado à redução das encomendas / clientes (59%) e às novas medidas de contenção (56%).

Esta percentagem é ainda superior nas empresas do setor de alojamento e restauração, subindo para 84% e 82%, respetivamente.

Já as empresas que beneficiam atualmente de apoios do Governo para mitigar os impactos da pandemia situam-se entre 19% e 30% do total, dependendo da medida. “A maioria das empresas beneficiárias avaliam as medidas como muito importantes para a sua situação de liquidez”, dizem o BdP e o INE no comunicado conjunto.

No caso do setor do alojamento e restauração, pelo menos 50% das empresas beneficiavam de alguma medida apresentada pelo Governo no período de inquirição.

No que diz respeito às alterações permanentes na forma de trabalhar motivadas pela pandemia, 59% das empresas consideram muito provável a redução do número de viagens de negócios e 31% o uso mais intensivo do teletrabalho.

Já num cenário de controlo efetivo da pandemia no próximo ano, 34% das empresas consideram que a atividade já voltou ou voltará ao normal num intervalo médio de 9,8 meses. “No mesmo contexto, 4% das empresas não preveem o retorno ao nível normal e 62% não conseguem antecipar se o seu volume de negócios voltará ou não ao nível normal”.

O inquérito revela ainda que 90% das empresas manifestam um grau de preocupação elevado ou moderado face a um agravamento ou prolongamento das medidas de contenção da pandemia a implementar pelo Governo. “84% das empresas não preveem o encerramento num cenário de agravamento das medidas de contenção da pandemia e de ausência de medidas adicionais de apoio”.

Do lado contrário, 16% das empresas estimam conseguir subsistir, em média, apenas cerca de 7 meses num tal cenário. Já nas empresas do setor do alojamento e restauração, a percentagem chega aos 42% e o tempo médio de subsistência em 5,3 meses. Pelo menos 40% das empresas consideram muito importante uma extensão das medidas de apoio do Governo face a um cenário de agravamento das medidas de contenção.

No alojamento e restauração, 90% e 79% das empresas consideram muito importante o alargamento ou reposição do layoff simplificado e a suspensão de obrigações fiscais e contributivas. Apenas 8% das empresas tencionam recorrer aos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência. Das restantes, 45% consideram que não existe ainda informação disponível suficiente para uma tomada de decisão.