Portugal viveu terceiro dia com mais óbitos desde março

Após quatro dias abaixo dos 5.000 casos diários, o país voltou a ultrapassar os seis milhares de infetados.

Mais 82 mortes, 4.588 recuperados e 6.383 novos casos: são estes os números da covid-19, em Portugal, divulgados na quinta-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS). Ou seja, tratou-se do terceiro pior dia, desde o início da pandemia, naquilo que diz respeito à mortalidade provocada pelo coronavírus.

Além disso, após quatro dias abaixo dos 5000 casos (entre sábado e quarta-feira), o valor dos seis milhares de infetados voltou a ser ultrapassado, o que indica uma percentagem de aumento do total de 2,3% em 24 horas. Há, assim, 82.241 casos ativos.

Pela primeira vez em mais de dois meses – desde 18 de setembro –, registou-se uma descida no número de internados por dois dias consecutivos. Estão internadas 3192 pessoas (menos 59), das quais 516 em unidades de cuidados intensivos (menos uma) – por sua vez, o número de internamentos em cuidados intensivos diminuiu após 13 dias consecutivos a subir.

 

Planos para vacina

A agência Reuters anunciou, entretanto, que a AstraZeneca deverá fazer mais um teste global para averiguar a eficácia da sua vacina contra a covid-19. Esta informação foi transmitida por Pascal Soriot, diretor-executivo da companhia, que explicou igualmente que, em vez de expandir o teste aos processos já em andamento nos Estados Unidos da América, o novo estudo incidirá na tentativa de avaliar uma dose mais fraca que teve melhores resultados que a dosagem inteira nos testes já realizados.

Em Portugal, a ministra da Saúde, na quarta-feira, havia garantido que o plano para a distribuição da futura vacina da covid-19 será conhecido nos próximos dias. “Zero” é o nível de risco que Marta Temido define para a possibilidade do país não estar preparado para a chegada das vacinas, tendo realçado que estão a ser trabalhados aspetos relacionados com o seu armazenamento e a sua distribuição. A ministra indicou que a vacina será distribuída, em primeira instância, por  “populações em função de grupo etário, de exposição a fatores profissionais de maior risco e também da sua imprescindibilidade para a segurança geral”. De seguida, lembrou que todas as vacinas incluídas no Programa Nacional de Vacinação são gratuitas. Recorde-se que, já em agosto, o primeiro-ministro, António Costa, havia garantido que a vacinação da covid-19 seria gratuita e universal, sendo que está prevista uma priorização no acesso.

 

Mais idosos infetados em lares

Entretanto, foi igualmente divulgado que há mais de 4 mil idosos infetados em lares, sendo que o máximo que havia sido registado em abril foi de 2500 casos ativos. É de referir que Portugal tem 2.526 lares para idosos, nos quais estavam institucionalizadas, no verão, cerca de 99 mil pessoas, isto é, torna-se possível estimar que, em função dos casos conhecidos, neste momento a covid-19 afeta cerca de 4% desta população.

Perante o aumento de infeções em idosos ao longo das últimas semanas, mais de 15 mil casos acima dos 70 anos desde o início do mês, o i tinha solicitado um ponto de situação à Direção-Geral de Saúde e ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, que tutela o setor, uma vez que desde de outubro que não era disponibilizada informação sobre o número de pessoas infetadas em lares e estruturas residenciais de terceira idade.

O Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social não respondeu até ao fecho desta edição.

Por seu lado, a DGS esclareceu que, na última segunda-feira, havia 4.114 utentes infetados em Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI). Ou seja, são três vezes mais do que no último balanço conhecido em outubro, quando havia 1.400 casos ativos de covid-19 em lares. Sublinhe-se que, até setembro, a DGS tinha sinalizado 4.700 casos de infeção em lares, pelo que o balanço ajuda a perceber o aumento da incidência que se viveu também nas instituições ao longo das últimas semanas, não tendo sido disponibilizados o total de casos registados desde o início do mês, mas apenas os que se encontram ainda numa fase ativa da doença.

 

Surtos ativos

A título de exemplo, foi detetado um surto na Estrutura Residencial para Idosos da Santa Casa da Misericórdia de Fão. Segundo uma fonte adiantou à Lusa, “os infectados passam os 50 e há, além de utentes, funcionários” contaminados com o novo coronavírus, sendo que o lar tem capacidade para 95 utentes. Por outro lado, ao final da tarde, foi anunciado que o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) tem 18 profissionais infetados com o novo coronavírus e 38 em isolamento profiláctico, o registo mais elevado desde o início da pandemia de covid-19.