Concelhos: Programadores pedem exceção para a Cultura

“Não se trata de reivindicar irresponsavelmente um privilégio para a cultura, mas de propor que, dentro das exceções possíveis e necessárias nestes tempos difíceis, a cultura seja considerada uma delas”, pede o Manifesto. 

Mais de 20 programadores culturais assinaram um manifesto que pede que a Cultura seja exceção para poder cruzar concelhos.

O "Manifesto pela 'exceção' da cultura" explica como o setor cultural sofre fortemente com as imposições aplicadas pelo regime de Estado de Emergência, que coloca um recolher obrigatório a partir das 23h00, durante a semana, e entre as 13h e as 5h durante o fim de semana. O documento propõe que, em futuras delarações de Estado de Emergência, a Cultura seja "exceção", reivindicando "a realização de espectáculos ao sábado também até às 22h30" e "a deslocação de público entre concelhos com o objectivo exclusivo de assistir a espectáculos".

O Manifesto conta com ilustres nomes da Cultura nacional, como João Garcia Miguel, seu primeiro subscritor, e o antigo diretor-geral das Artes João Aidos, o diretor do Teatro Municipal de Vila Real, Rui Ângelo Araújo, o programador do Teatro Municipal da Guarda, Victor Afonso, e o diretor artístico do Theatro Circo, em Braga, Paulo Brandão.

"Não se trata de reivindicar irresponsavelmente um privilégio para a cultura, mas de propor que, dentro das exceções possíveis e necessárias nestes tempos difíceis, a cultura seja considerada uma delas", pede o Manifesto, que lamenta que "as sucessivas alterações às regras para apresentação de espetáculos no atual Estado de Emergência não só reduziram em demasia os horários possíveis para a atividade como, ao introduzir um grau permanente de imprevisibilidade, afetaram a comunicação entre equipamentos culturais e espectadores, necessária para assegurar fluxos de público razoáveis".

Pode-se ler ainda que "para que este setor possa sobreviver e continuar a desempenhar funções que são socialmente relevantes e estruturais a vários níveis, mesmo em tempo de pandemia, é necessário permitir que os espetáculos se possam continuar a fazer em condições que permitam planeamento, organização logística e comunicação eficazes".

O movimento por trás deste Manifesto deixa ainda clara a baixa probabilidade de contacto físico entre espectadores, bem como o facto de a exposição a pessoas sem máscara ser praticamente nula. Um facto explicado pela "forma organizada como é feito o acesso, a circulação, a permanência e a saída do público nas salas".