Rio acusa Governo de injeção às cegas na TAP

O líder do PSD acusou o Governo de ter agora de pagar a ‘fatura’ da nacionalização da TAP, criticando ainda a injeção de capital ‘às cegas’.

Rui Rio, em declarações aos jornalistas após a inauguração de uma campanha de outdoors que evoca os 40 anos da morte de Francisco Sá Carneiro, acusou o Governo de ter injetado capital na TAP sem um plano de reestruturação. «Eu nunca teria posto dinheiro sem esse plano», confessou.

O líder social-democrata considerou que «o primeiro erro foi não ter plano de reestruturação» para criticar: «Meteram dinheiro sem ter plano de reestruturação, às cegas, digamos assim. Agora vamos ver o plano de reestruturação, se é exequível e quanto dinheiro pode mais precisar».

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O plano de reestruturação da TAP, divulgado esta semana, prevê mais de dois  mil despedimentos,  um corte de 20% nos salários de quem ficar e reduzir a frota em pelo menos 20 aviões.

O diferente tratamento entre trabalhadores de outras empresas e da TAP foi um dos pontos de crítica de Rui Rio, que disse ser uma «injustiça» que, ao contrário de quem foi obrigado a entrar em regime de layoff, os trabalhadores da TAP tenham visto o seu salário cortado em apenas um terço, independentemente do valor. «Há uma coisa que me choca particularmente. Em Portugal, durante o período do layoff, os funcionários que estavam em layoff tiveram um corte de um terço do salário até 1.900 euros e da totalidade do salário a partir de 1.900 euros. Na TAP não é assim, a TAP pura e simplesmente cortou um terço do salário, não mais do que isso. Portanto, se há alguém a ganhar 15 mil euros, ficou a ganhar 10 mil, foi muito diferente do que foi nas empresas todas em Portugal», afirmou Rui Rio.

Sobre uma possível transformação da TAP em «Tapzinha», como resultado de um plano de reestruturação, o social-democrata afirmou que a empresa deve «continuar a prestar o serviço essencial», mantendo o equilíbrio financeiro «para que não seja o historial do costume», em que o país está «sempre a meter dinheiro».

Rio aponta ainda o dedo a António Costa e ao seu Executivo por ter «andado para trás» na privatização da TAP:  «A responsabilidade de agora termos todos a fatura às costas, aqui, é claramente do Governo socialista, deste Governo socialista e deste primeiro-ministro. Quando ele entrou, não precisava de fazer o que fez. Fez o que fez e agora esta é a fatura que estamos a pagar». Recorde-se que António Costa, logo no início da ‘geringonça’, reverteu a decisão de privatização da maioria do capital da TAP, que, já este ano, viria a acabar por renacionalizar e, em junho passado, aprovou a injeção de 1200 milhões de euros em apoios estatais para a companhia aérea portuguesa.