…E o PCP leva a sua avante!…

Quanto mais enfraquecido eleitoralmente está o PCP, mais arrogante e prepotente se mostra, numa atitude vesga e irresponsável, que desafia o estado de exceção sanitária…

Se no comité central do PCP vingasse um módico de bom senso, teria sido tão natural adiar a festa comunista na Quinta da Atalaia, em setembro, como cancelar o congresso do partido, a decorrer num pavilhão em Loures.

Mas não. Em ambos os eventos do calendário político do PCP, adiamento ou cancelamento são palavras proibidas no dicionário comunista, que subordina alegremente os riscos superlativos de contágio epidémico à autossatisfação de uma prova de força para consumo interno e para contrapor à fraqueza que vai corroendo a sua base eleitoral de apoio.

Quanto mais enfraquecido eleitoralmente está o PCP, tanto nas autárquicas como nas legislativas, mais arrogante e prepotente se mostra, numa atitude vesga e irresponsável, que desafia o estado de exceção sanitária em que nos encontramos e a situação, em particular, de Loures, um dos concelhos mais problemáticos, sujeito a recolher obrigatório.

E fazem-no com a certeza antecipada de que ninguém, se ficar infetado, irá queixar-se de ter contraído a doença no Congresso do PCP, e mesmo que tivesse essa ousadia seria liminarmente desmentido.

É esta a ‘moeda de troca’ usada pelo PCP para viabilizar, depois de muito folclore, o Orçamento de Estado, para sossego do Governo, que recorreu a uma «habilidade saloia» para ‘salvar a face’ dos comunistas, como diria o líder da bancada do PSD, Adão e Silva

Claro que se o primeiro-ministro quisesse dissuadir o PCP de fazer ‘tábua rasa’ das regras de confinamento, impostas à generalidade dos portugueses, alterava simplesmente a lei de 1986, evitando leituras equívocas. Mas não quis, para garantir a cumplicidade do PCP.

Finalmente, o PSD parece ter despertado dos nevoeiros que há muito o toldavam na oposição, e quer Rui Rio quer outros dirigentes dão sinais de terem percebido o significado da ‘linha vermelha’ definida por António Costa. Nem para ‘muletas’ servem.

O desaire socialista nos Açores, com a perda da maioria, alavancou uma nova atitude, que está a sacudir as ‘águas paradas’ em que os social democratas se afundavam.

O padrão mais recente do discurso de Costa, só poderia ser ignorado por um surdo. Ainda em julho ele afirmava, no debate sobre o estado da Nação que «o PSD tornou-se um partido do conservadorismo atávico (…) O PSD é hoje o partido dos ‘velhos do Restelo». Era difícil ser mais cristalino.

Estava-se ainda longe de prever que a embarcação socialista encalhasse nos Açores, depois de ter navegado, com proveito, no arquipélago, durante duas décadas. Mas era nítida a fronteira desenhada por Costa para enxotar os estorvos.

Com a mudança de governo em Ponta Delgada, o ‘caldo entornou-se’, e o fantasma da extrema-direita foi pressurosamente retirado do armário para assustar os incautos e alguns ‘inocentes úteis’, que costumam aparecer nas televisões, supostamente de direita, mas a imitar a esquerda em manifestos, numa original autoflagelação.

Pressentindo em perigo as suas ambições, Fernando Medina – um dos putativos candidatos à sucessão de Costa –, adiantou-se a defender a ilegalização do Chega, mostrando os seus préstimos e a visão antidemocrática com os tiques totalitários que lhe vão na alma, numa manobra de diversão também destinada a ‘anestesiar’ os munícipes, fartos da sua desastrosa incompetência na gestão da cidade. Patético.

Quem lucra com isso é, obviamente, André Ventura, que nunca foi tão falado e comentado, nem sequer no tempo em que, ainda autarca pelo PSD em Loures, apontava a dedo os grupos que «em termos de composição de rendimento, vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado».

Por essas e por outras, que muitos pensam, mas não dizem, Ventura ganhou o direito a ser considerado xenófobo, racista e populista, e a ser apontado como a nova ‘peste’, enquanto o PCP e o Bloco, ambos de inspiração ditatorial, são apascentados como partidos respeitáveis.

Rio e Ventura, são agora os ‘maus da fita’ por terem imitado, à direita, o que António Costa fez, à esquerda, em 2015.

Lestos, os ‘indignados’ das redes sociais foram ao baú no sótão e repuseram o arsenal de etiquetas comuns no Verão quente de 1974, enchendo a boca de fascismos.

Entretanto, há uma ‘maioria silenciosa’ de descontentes que tem engrossado e que se manifesta com a abstenção nas urnas. Em 1980, eram 15,2% do total de residentes em Portugal e no estrangeiro. Em 2019, subiu para 51,4%

Mas já se sabe que os virtuosos ‘guardiões do templo’, estão em ‘estado de prontidão’ para acudir ao poder instalado e excomungar quem não partilhe da ‘pureza’ doutrinária que os ilumina.

A nova ‘inquisição’ ameaça também tomar conta dos media, alguns já controlados por ‘sumo pontífices’, desejosos de mostrar serviço, condenando os ‘infiéis’ às trevas…

Medina está na primeira linha dos inquisidores. Quem diria…