90% dos professores preocupados com covid-19 ou com medo, diz Fenprof

Federação sindical realizou um inquérito  a mais de cinco mil docentes em tempos de covid-19.

Mais de 90% dos professores dizem sentir preocupação ou até mesmo medo quando estão nas escolas, devido à covid-19. Esta é a conclusão de um inquérito da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) que, num total de 5218 docentes inquiridos, indica que 90,5% se encontram nesta situação. “As razões que levam os professores a sentir-se preocupados ou mesmo com medo residem nas insuficientes condições existentes nas escolas, ainda que, nestas, tudo o que era possível fazer tivesse sido feito. Os problemas que existem decorrem das limitações impostas ou não resolvidas pela tutela”, pode ler-se em comunicado, no qual é exigido que o Ministério da Educação reforce as condições de segurança sanitária nos estabelecimentos escolares.

Além disso, nos resultados obtidos, 83,7% dos professores disseram que o número de alunos por turma se manteve, apesar do necessário distanciamento físico nas salas de aula, e 59,9% afirmaram que a limpeza que é feita pelos assistentes operacionais só acontece ao final do dia, tal como antes da chegada da pandemia. No que toca à assistência nas escolas, apenas 17,5% sublinharam ter aumentado o número de assistentes operacionais em tempos de covid-19.

“No contexto de pandemia que vivemos, as aulas decorrem de forma atípica, com os professores a não poderem aproximar-se dos alunos, a trabalharem de máscara, a não encontrarem os seus colegas com a frequência habitual, o que leva ainda 83,4% a considerarem que a atividade docente, nestas condições, é muito mais exigente”, refere a nota divulgada.

A Fenprof divulgou ainda que o número de escolas com registo de casos de covid-19 está prestes a atingir as 1000. “É difícil acreditar que só existam surtos em 68 ou 94 casos (últimos dados oficiais divulgados)”, sublinhou. E acrescentou: “Serão muitos mais e o número de pessoas infetadas não é tão diminuto como se pretende fazer crer. O problema é que continuam a não ser realizados testes à população escolar, apesar de, nos últimos seis meses, o número de crianças e jovens infetados (zero a 19 anos) ter aumentado 20 vezes”.