Sobre imunidade

Se estivesse vivo, Sun Tzu dir-nos-ia pela sua própria voz que o mais bem-sucedido guerreiro é aquele que escolhe bem as batalhas que enfrenta, mas principalmente, aquelas que evita…

Nos dias de hoje, temos muito que aprender sobre imunidade. A forma como o nosso corpo se defende de ameaças, internas ou externas, é o perfeito manual de instruções para lidar saudavelmente com os desafios e obstáculos do dia a dia.

Perante uma clara ameaça ao bem-estar e à vida como a conhecemos, o nosso corpo tenta, por via de resoluções e soluções passadas, ultrapassar com facilidade desafios agora novos, mas idênticos. Se esta estratégia não for bem-sucedida, o corpo inicia rondas de tentativa e erro sobre o sujeito estranho, até que uma qualquer solução aleatória seja bem-sucedida, a força da ameaça reduza e o corpo possa memorizar a resolução daquele problema. Em casos mais extremos, é necessária a solução sintética proveniente da experiência de terceiros ou, em alternativa, um combate aos sintomas para que se adie o prazo para a solução necessária.

Assim, como na vida, o sucesso, qualquer que seja, acontece por via de uma aprendizagem bem-sucedida com os nossos desafios anteriores, que nos possibilitam uma reação mais rápida. Perante novas barreiras, é inteligente recorrer a uma combinação de estratégias e soluções anteriormente adquiridas. De outra forma, e ainda sem solução, tentativa-erro pode ser um método eficaz a médio ou longo prazos. Claro, querendo o leitor acelerar o processo, é também inteligente, neste caso, fazer-se conhecedor, por via da aprendizagem de terceiros, como mentores, cursos, internet ou meros livros. Em último caso, recorra ou contrate ajuda externa para que desobstruam a sua via por si.

Se estivesse vivo, Sun Tzu dir-nos-ia pela sua própria voz que o mais bem-sucedido guerreiro é aquele que escolhe bem as batalhas que enfrenta, mas principalmente, aquelas que evita. Não é qualquer problema que merece a nossa atenção ou esforço desproporcional, principalmente se depois da batalha não existir um tesouro por recolher. Escolher o campo de batalha é escolher com ele o retorno do suor, sangue e lágrimas, na medida em que só julgo fazer sentido enfrentarmos os inimigos sobre os quais uma vitória origina as ferramentas e o conhecimento para chegarmos à nossa meta.

Não só no corpo, mas na mente, imunidade é chave para o desenvolvimento. Fruto das contingências do dia a dia e, em especial, as da pandemia em que vivemos, será possível, em breve, valorizar o que temos de mais importante e desvalorizar as tais batalhas sem despojos. O dia em que percebemos que bons valores, boas pessoas, autoconfiança e saúde são o motor do pleno bem-estar, é o dia em que ganhamos imunidade à opinião ou influência de terceiros sobre quem somos e onde queremos chegar.

É irónico como o nosso subconsciente, por via manifesta do nosso corpo, se monstra mais capaz do que o nosso consciente a gerir os desafios da vida. O leitor tem na imunidade a mais útil ferramenta contra ameaças, e na aprendizagem consequente, a mais eficaz estratégia de desenvolvimento do ser.