Pandemia leva a corte de salários, alerta OIT

Mulheres e trabalhadores com salários mais baixos foram os mais afetados.

Os salários mensais baixaram ou aumentaram mais lentamente nos primeiros seis meses deste ano devido à pandemia em dois terços dos países para os quais existem dados oficiais. O alerta foi dado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). O relatório indica, no entanto, que nos países onde foram tomadas fortes medidas para preservar o emprego, os efeitos foram sentidos principalmente ao nível da baixa dos salários e menos nas perdas massivas de emprego. 

A OIT diz ainda que nem todos os trabalhadores foram afetados do mesmo modo pela crise e considera que o impacto sobre as mulheres tem sido mais grave do que nos homens, apontando para perdas de 8,1% dos salários no segundo trimestre de 2020, em comparação com 5,4% por cento para os homens. O mesmo cenário repete-se com os trabalhadores com salários mais baixos, sublinhando que os que exercem profissões menos qualificadas perderam mais horas de trabalho do que os que exercem funções de gestão e os profissionais com empregos qualificados mais bem remunerados. E, neste caso, aponta para para perdas de 17,3% dos salários.

“O crescimento da desigualdade criada pela crise da covid-19 ameaça deixar para trás de si um legado de pobreza e instabilidade social e económica que seria devastador”, afirmou o diretor-geral da OIT, Guy Ryder. “A nossa estratégia de recuperação deve ser centrada no ser humano. São necessárias políticas salariais adequadas que tenham em conta a sustentabilidade dos empregos e das empresas e que abordem também as desigualdades e a necessidade de sustentar a procura”, refere.

E o cenário não é animador. O relatório diz refere que, num futuro próximo, a crise poderá exercer uma forte pressão no sentido da baixa dos salários.