TAP. Trabalhadores em protesto à porta do Parlamento

Iniciativa foi promovida pelo movimento “os números da TAP têm rosto”, sem qualquer ligação aos sindicatos que representam os trabalhadores da empresa.

Centenas de trabalhadores da TAP concentraram-se à porta da Assembleia da República,  a pedir diálogo e transparência, no âmbito do processo de reestruturação do grupo. A iniciativa foi promovida pelo movimento “os números da TAP têm rosto”, sem qualquer ligação aos sindicatos que representam os trabalhadores da empresa., na sequência de notícias sobre despedimentos e cortes salariais a que serão sujeitos.

O plano de reestruturação da TAP tem que ser apresentado à Comissão Europeia até 10 de dezembro, sendo uma exigência da Comissão Europeia pela concessão de um empréstimo do Estado de até 1.200 milhões de euros, para fazer face às dificuldades da companhia, decorrentes do impacto da pandemia de covid-19 no setor da aviação.

Ainda esta quarta-feira, o sindicato Sitava acusou a TAP de “manipulação, falta de ética e desonestidade” e defendeu que a empresa não tem trabalhadores a mais e deve procurar os “sorvedouros de recursos” para reduzir custos. “Pela nossa parte não nos cansaremos de assinalar a aventura brasileira – que já custou à TAP mais de mil milhões de euros – como o mais escandaloso negócio para onde empurraram a companhia. Denunciamos, mais uma vez, aqui e agora que, enquanto despedem trabalhadores em Portugal, deslocalizam milhares de horas de trabalho para o Brasil, para que, a pretexto do pagamento desses trabalhos continuarem a transferir dinheiro para lá. Quem é o responsável por tamanha barbaridade”, questiona.

A estrutura sindical põe também em causa a escolha da Boston Consulting Group para trabalhar no plano de reestruturação da TAP. “Esta mesma consultora tinha sido contratada em 2015 pelos antigos acionistas privados, os tais muito endinheirados – que só em 2019 carregaram a empresa com mais 750 milhões de dívida – para transformar a TAP numa empresa low Cost. Esse era então o desígnio desses acionistas, e quase o conseguiram. Foi muita da nossa contestação que evitou o pior, conseguindo travar os aspetos mais gravosos do então chamado projeto RISE”, alerta.

Estas críticas surgem, numa altura, em que o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) requereu uma providência cautelar contra a TAP, com o objetivo de ter acesso a informação sobre o plano de reestruturação que lhe tem sido negada por parte da administração.