Festa Literária de Paraty arranca esta quinta-feira

São quatro dias dedicados à literatura, numa edição completamente virtual. 

A 18ª edição do maior festival literário do Brasil tem início esta quinta-feira e estende-se até domingo, numa edição completamente virtual

São quatro dias de literatura, que pela primeira vez vão ser transmitidos para o mundo inteiro, numa edição inédita que, como tantas outras no ano de 2020, se viu obrigada a transportar as suas atividades para o meio virtual. 

A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) arranca esta quinta-feira às 18h, com uma mesa redonda sobre “Diásporas”, incluindo as escritoras Bernardine Evaristo e Stephanie Borges, tradutora de Margaret Atwood. Sobre o apelido da escritora britânica, Mauro Munhoz, diretor da Festa, faz, em entrevista à Revista PEGN (da cadeia Globo) um reparo: “Um sobrenome (Evaristo) de origem brasileira deu a volta pela África, passou pela Inglaterra e hoje vem à Flip. São coisas muito interessantes neste momento onde nós estamos redefinindo nossas identidades, a questão da diversidade.” “Vai ser uma experiência muito rica”, referiu o diretor artístico.

A programação deste ano girará toda à volta de mesas redondas, com transmissão em direto através de uma plataforma própria nas redes sociais. Em conjunto, serão publicados vídeos, eventos paralelos e programações de parceiros. Para além de Bernardine Evaristo e Stephanie Borges, alguns dos nomes que vão fazer parte da Flip são Caetano Veloso, Itamar Vieira Júnior ou Chigozie Obiama.

"Este é um ano atípico, por isso optamos por este formato. A Flip Virtual contará com uma linguagem própria que respeita o sentido original e o espírito da festa: ser mais do que um mero evento, estabelecendo uma relação duradoura e permeável com Paraty”, explicou Mauro Munhoz. 

A cidade de Paraty, na Costa Verde do estado do Rio de Janeiro, foi o ponto de passagem de vários artistas do teatro, cinema novo, artes plásticas e literatura, com grande intensidade durante as décadas de 1960 e 1970. Sobre este património cultural da cidade, Mauro Munhoz referiu que “isso gerou uma cultura local muito singular”. “A Flip viu essa potência e o próprio desenho da feira se relaciona com isso, e agora, que a gente tem que fazer a Flip no virtual, não podia ser diferente”, frisou.

Mudança de equipa

Em agosto deste ano, Fernanda Diamante deixou o cargo de curadora da Flip, por motivos pessoais. Ainda assim, nega Mauro Munhoz que a Flip não tenha curadoria, afirmando que, apesar da distância de Fernanda Diamante, os escritores disseram estar muito animados para participar, e que, “a programação é, em grande parte, curadoria da Fernanda Diamante”.