‘A Pão e Água’. Movimento quer ser ouvido no Parlamento Europeu

Grupo em greve de fome reuniu com Câmara de Lisboa, mas quer mais. Um grevista foi hospitalizado.

O movimento “A Pão e Água” quer dar um passo em frente e está neste momento a tentar ser recebido no Parlamento Europeu, depois de considerar que “os governantes portugueses continuam a ignorar” os empresários dos setores da restauração e da noite. “Se ninguém em Portugal nos ouve, pode ser que em Bruxelas nos ouçam”, disse ao i José Gouveia, um dos porta-vozes do grupo, que afirma só ceder quando for recebido pelo primeiro-ministro, António Costa, ou pelo ministro da Economia, Pedro Siza Vieira.

Esta é a resposta do movimento 24 horas após as declarações de António Costa que, na quarta-feira, se dirigiu diretamente ao grupo pela primeira vez, apelando “a que não se prolongasse esta situação de impasse”. O primeiro-ministro voltou a recordar que o Governo só se reúne com associações representativas dos setores (Siza Vieira reuniu-se na quarta-feira com a Confederação do Turismo de Portugal e, ontem, com a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal) e que os secretários de Estado do Turismo e do Comércio já mostraram disponibilidade para voltarem a reunir-se – tal como aconteceu a 18 de novembro – com o grupo, proposta prontamente rejeitada pelo movimento. “O secretário, como diz o nome, é apenas um secretário. As pessoas é que se fixam muito na palavra Estado. Quando alguém vai a uma reunião e é recebido pelo secretário, o que faz? Vai embora, não é?”, questiona, com ironia, José Gouveia.

O empresário, uma das figuras da noite lisboeta – que já esteve à frente de casas como Plateau, Docks, Indochina ou Kings and Queens, entre outras –, afirma que António Costa e Siza Vieira estão, neste momento, a fazer “uma birra que podia evitar toda esta situação”. “Temos a solução. Se o Governo não tem condições para nos dar mais apoios, então basta que o Estado restitua os horários a estes negócios”, refere.

Entretanto, o grupo foi ontem recebido ao final da tarde pelo presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina. A reunião decorreu nos Paços do Concelho, com a presença de três elementos do movimento, entre os quais Ljubomir Stanisic e José Gouveia. Ao fecho desta edição ainda não se conhecia o desfecho deste encontro.

 

Corpos cedem

Em greve de fome desde sexta-feira, os corpos dos nove homens e uma mulher presentes no protesto começam a ceder. Nas últimas horas, dois elementos do grupo – que sobrevive há sete dias a água, chá e café – tiveram de receber assistência médica do INEM, depois de se terem sentido mal. Ljubomir Stanisic teve breve passagem pelo Hospital de Santa Maria na noite de quarta-feira mas, horas depois, regressou ao acampamento improvisado diante do Parlamento. Ontem, ao início da tarde, foi a vez de outro membro do grupo desfalecer, tendo sido prontamente assistido no local pelo INEM e transportado até ao hospital.

O movimento “A Pão e Água” volta hoje a manifestar-se nas ruas do Porto, com um protesto agendado para a Rotunda da Boavista a partir das 15h30.