EUA ultrapassam recorde diário de mortes e hospitais estão no limite

Os recordes pandémicos dos EUA podem piorar depois das viagens do Dia de Ação de Graças.

Os Estados Unidos estão a entrar num perigoso ponto de rutura. Na quarta-feira, segundo a contagem da Universidade Johns Hopkins, foram registadas 3157 mortes, um novo máximo, e 200 070 novas infeções – a segunda vez que os EUA ultrapassam os 200 mil casos diários.

Igualmente preocupante é o número de hospitalizados que, pela primeira vez desde o início da pandemia, ultrapassam os 100 mil.

O diretor dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças norte-americanos, Robert Redfield, alertou que cerca de 90% dos hospitais de todo o país já ultrapassaram os seus limites de capacidade para receber pacientes. “Estamos num momento muito crítico para conseguir manter a resiliência do nosso sistema de saúde”, informou o responsável. “Dezembro, janeiro e fevereiro serão tempos difíceis. Na verdade, acredito que eles serão os mais difíceis na história da saúde pública desta nação, em grande parte por causa do stresse que será colocado no nosso sistema de saúde”, disse durante um evento organizado pela Câmara Americana de Comércio.

 

Zonas rurais mais afetadas

Atualmente, as regiões que mais causam preocupações nos Estados Unidos são as zonas rurais do interior do país. O Dakota do Norte, na região centro-oeste, regista a maior taxa de mortalidade per capita devido à covid-19 do mundo.

A revista Veja cita uma análise da Federação de Cientistas Americanos que diz que este estado tem 18,2 mortes por milhão de pessoas.

Já o estado vizinho Dakota do Sul, onde 43% dos testes para detetar a infeção foram positivos – uma das taxas mais altas do país (em comparação, no estado de Nova Iorque, com 20 milhões de habitantes, 3% dos testes feitos são positivos para a covid-19) –, está em terceiro lugar na taxa da mortalidade, com 17,4 mortes por milhão de pessoas.

Esta proporção é mais alta que a de países como Portugal, Reino Unido e Argentina.

 

Pior ainda está para chegar

Este contexto alarmante que se vive nos EUA pode piorar nas próximas semanas, depois das viagens realizadas para visitar as famílias durante o Dia de Ação de Graças.

Esta subida de casos foi prevista pelo principal epidemiologista da Casa Branca, Anthony Fauci, que alertou, em declarações ao canal de televisão ABC, que “em duas ou três semanas poderemos assistir a uma explosão de casos” de novas contaminações com o coronavírus.

A coordenadora da resposta à covid-19, Deborah Birx, afirmou que, neste momento, todos os americanos que viajaram neste feriado devem agir como se estivessem infetados. “Se tem menos de 40 anos, deve assumir que ficou infetado durante o período do Dia de Ação de Graças se esteve em reuniões fora de sua casa”, alertou Birx. “Provavelmente, não vai ter sintomas. No entanto, pode ser perigoso para os outros”.