Discurso europeu de PM português arrasado no WSJ

Walter Russell Mead diz que António Costa está a pensar no apoio da França de Macron às suas ‘ambições para um papel político de relevo’ na UE.

 O mundo reparou na contradição do primeiro-ministro português, António Costa, que defendia que os fundos europeus não deviam ser condicionados por questões do respeito pelo Estado de direito, ao lado da Hungria e Polónia, em junho, mas, um mês depois, tornava-se a ponta de lança da UE no braço-de-ferro com estes países (ver texto ao lado). Agora, até parece sugerir uma Europa a 25, ou seja, sem estes países, para gáudio de França, considerou o historiador americano Walter Russell Mead, na sua coluna no Wall Street Journal. 

«França, que há muito defende a ideia de um núcleo europeu mais pequeno, apertado, ficará feliz com essa abordagem – uma vitória para o Sr. Costa, que precisa do apoio de Paris se (como corre o rumor) tiver ambições para um papel político de relevo em Bruxelas», escreveu, ressalvando: «É improvável que o discurso do Sr. Costa tenha muito impacto onde importa de facto: Berlim».

«Sob a estratégia proposta pelo Sr. Costa, a UE poderá não se tornar uma ‘união de valores’. Mas tornar-se-ia um instrumento económico muito mais eficiente a transferir recursos para os constituintes do Sr. Costa», refere Mead.

 «Os cínicos notarão aqui que os países que o Sr. Costa quer rejeitar têm algo em comum: estão entre Portugal e dinheiro», explica, lembrando que os países de leste são dos que recebem mais fundos europeus, ao lado dos países do sul.