Primeiro-ministro libanês e ex-ministros acusados de explosão em Beirute

Agências de informação locais indicaram que quatro oficiais foram constituídos arguidos, acusados de negligência que levou a explosão mortal.

A 4 de agosto explodia um armazém no porto de Beirute, no Líbano, causando a morte a mais de 200 pessoas, ferindo milhares e colocando 300 mil pessoas sem abrigo.

Agora, a investigação decidiu acusar o primeiro-ministro em funções e três ex-ministros do país de negligência, que terá levado à explosão, disse a agência de notícias estatal do país.

Fadi Sawan, procurador encarregue pela investigação, apontou o dedo a Hassan Diab, que se demitiu do seu cargo como primeiro-ministro, mas manteve-se numa posição interina; Ali Hassan Khalil, antigo ministro das Finanças, e Ghazi Zaiter e Youssef Fenianos, antigos ministros das Obras Públicas do país.

A acusação implica negligência e descuido, que levaram à explosão, cuja causa se apurou ter sido a ignição de uma grande quantidade de material explosivo, armazenado no porto de Beirute, com o conhecimento de vários oficiais de segurança e políticos.

A investigação, noticia o The Guardian, tem causado frustração e raiva na população libanesa, que se queixa da lentidão do processo e da “falta de respostas”, bem como o facto de, até agora, nenhum “oficial sénior” ter sido acusado.

A explosão é considerada como estando entre as maiores alguma vez registada, no contexto de explosões não-nucleares. Noticia o The Guardian que foram revelados documentos após a explosão que demonstravam que, pelo menos 10 vezes nos últimos 6 anos, as autoridades da alfândega do porto, bem como militares, judiciais e policiais levantaram alarmes sobre o armazenamento perigoso de grandes quantidades de químicos, que eram guardados “sem praticamente qualquer cuidado”, no porto, que se encontra no centro de Beirute.

Desde que os materiais chegaram ao Líbano, em 2013, o país teve quatro primeiros-ministros, Najib Mikati, Tammam Salam e Saad Hariri negam ter tido conhecimento sobre estes materiais, sendo Hassan Diab, atual primeiro-ministro interino, o único a admitir ter tido conhecimento deste armazenamento, mas afirma também que tal só aconteceu “dias antes” da explosão. Diab afirma ainda que quando soube do armazenamento quis marca na sua agenda uma visita ao local.

As datas possíveis para interrogatório dos quatro arguidos, afirmou Fadi Sawan, citado pelo The Guardian, serão entre o 14 e o 16 de dezembro.

Ali Hassan Khalil, antigo ministro das Finanças, e Youssef Fenianos, antigo ministro das Obras Públicas, tinham já sido sancionados em setembro deste ano por alegadamente terem apoiado o grupo extremista islâmico Hezbollah.