Medina entregador de pizas

Fernando Medina acabou de inserir mais uma linha no orçamento, ‘entrega de paparoca ao domicílio’, socialista way – acabando com um bom negócio privado e socializando o prejuízo.

Fernando Medina olhou para o negócio privado das entregas de comida ao domicílio e logo sofreu daquele impulso socialista de lá se ir intrometer, de preferência para estragar. O Estado central e local tem de saber quando e onde deve intervir e saber conter-se, não se intrometendo em negócios privados de entregas de comida. 

Restaurantes sempre houve e entregas ao domicílio também, mas a modernidade trouxe os telemóveis. Recentemente apareceram as empresas que, mediante uma aplicação, levam a refeição a casa de quem a compra. O restaurante vende mais, essas empresas prestam um serviço de entrega, as pessoas compram, toda a gente está satisfeita. Toda a gente? Não. Fernando Medina veio declarar guerra santa à Uber Eats e à Glovo, prometendo que vai arranjar um serviço de entregas alternativo, sem custos.

Analisemos bem este caso porque ele é um tratado sobre o pensamento socialista.

Em primeiro lugar, o mercado da comida take-away e respetiva entrega ao domicílio está a correr bem. As pessoas compram, é um sucesso. Obviamente que a entrega em casa tem um custo, o qual se reflete no preço final da encomenda. Mas se os clientes estão a comprar é porque acham o preço justo.

O bem em causa não é de primeira necessidade, o Estado não tem de intervir para assegurar que os cidadãos a ele tenham acesso, ou seja, ninguém fica lesado se não houver entrega de pizas ao domicílio. As pessoas podem optar por comprar pizas congeladas no supermercado (que custam entre 1 e 4 euros), aquecer o forno a 180 graus et voilà!

O argumento de Fernando Medina seria o de que os restaurantes se queixam dos preços cobrados por essas plataformas, mas, se esse é o caso, estamos perante um problema de concorrência, devendo esses restaurantes apresentar queixa na Autoridade da Concorrência. 

Fernando Medina pode invocar que quer ajudar os restaurantes que estão a passar mal por causa da pandemia mas, nesse caso, o Estado tem outros mecanismos para favorecer essa atividade (todos os anos, no orçamento da câmara, dá-se um tratamento especial ao setor ao nível da derrama de IRC, no preço da água, e também se pode baixar a taxa do IVA).

Mas a questão torna-se verdadeiramente escandalosa quando Medina anuncia uma rede alternativa sem custos porque, aqui, atinge-se o âmago do pensamento socialista. Uma rede alternativa? Como? Vai fazer um concurso internacional para milhares de entregas/dia em Lisboa? Vai fazer um contrato por ajuste direto milionário a uma empresa amiga? Ou, pelo contrário, vai colocar centenas de funcionários da câmara a conduzir bicicletas e lambretas e a fazer entregas? Ou vai contratar centenas de estafetas e engordar o quadro de pessoal? E isto não tem custos?! É claro que tem custos, custa uma fortuna ao erário público, e aquilo que seria o custo/lucro de uma rentável atividade económica torna-se, da noite para o dia, em mais uma fatura para a câmara. Ou seja, para todos nós. 

E o contribuinte que percebe que tem de pagar para ter hospitais, escolas, limpeza leva mais um imposto ou uma taxa só porque o presidente Medina acabou de inserir mais uma linha no orçamento, ‘entrega de paparoca ao domicílio’, socialista way – acabando com um bom negócio privado e socializando o prejuízo.