Pedro Nuno Santos. Plano de reestruturação da TAP pode sofrer alterações

Ministro disse  que a anterior gestão privada “tinha o dinheiro dos portugueses” para gerir a empresa durante mais uns meses, mas não tinha disponibilidade para investir na TAP.

O plano de reestruturação da TAP que foi entregue à Comissão Europeia ainda não é definitivo e poderá ainda sofrer alterações. A garantia foi dada pelo ministro das Infraestruturas ontem no Parlamento, referindo também que está disponível para “dar a informação que os trabalhadores querem”.

“O plano não é definitivo, está a ser trabalhado com Bruxelas. Há uma interação e no decurso dessa interação pode haver alterações”, disse Pedro Nuno Santos. Uma afirmação que foi ao encontro do que foi revelado por Miguel Frasquilho, que entrevista ao SOL, admitiu que o plano ainda vai ser alvo de negociações e que poderá estar em marcha ainda no primeiro trimestre. 

O governante assegurou ainda que o Governo está “absolutamente disponível” para dar mais informações aos trabalhadores sobre o plano que foi entregue a Bruxelas, com reserva de confidencialidade, “para proteger a TAP e o emprego deles”, acrescentando que, o Executivo está aberto “para continuar a trabalhar com os trabalhadores”, no sentido de se “encontrar soluções menos agressivas do que as que estão a ser apresentadas, mas que permitam ter a poupança suficiente para a empresa sobreviver”.

Em causa está o plano de reestruturação da TAP que  prevê o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine, 450 trabalhadores da manutenção e engenharia e 250 das restantes áreas. O plano prevê, ainda, a redução de 25% da massa salarial do grupo e do número de aviões que compõem a frota da companhia, de 108 para 88 aviões.

Indisponibilidade dos privados

Pedro Nuno Santos disse também que a anterior gestão privada da TAP “tinha o dinheiro dos portugueses” para gerir a companhia durante mais uns meses, “em prol dos seus interesses”, e não tinha disponibilidade para investir na empresa. “Fosse [a gestão] absolutamente privada, ou absolutamente pública, estaríamos nesta posição. […] O privado não tinha nem dinheiro, nem disponibilidade para meter um cêntimo na TAP”, acrescentou, garantindo que a questão que se colocava quando o Estado decidiu ficar com 72,5% da companhia “era se se mantinha pública, ou fechava”.

O governante apontou ainda críticas à gestão privada, que, defendeu, agravaram problemas preexistentes na companhia. “Há problemas na TAP que são anteriores à gestão privada, que não foram resolvidos com a gestão privada e que, nalguns casos, foram até agravados pela gestão privada, e, na minha opinião, se me é permitida, a empresa cresceu demasiado depressa, [com] um número de contratações e de aviões acima do plano estratégico que estava acordado com o Estado”, argumentou.

O ministro das Infraestruturas afirmou, ainda, que o redimensionamento da TAP não está a ser preparado apenas porque há um plano de reestruturação para implementar, mas também porque não há procura. “Uma empresa pública deve servir o país, servir o povo, mas deve ser sustentável financeiramente”, apontou.