Melhor para mim, melhor para ti

O bem-estar, utilidade, felicidade ou valor tendem a ser maiores e menos efémeros quando abdicamos do proveito a curto prazo e investimos no futuro adiando esse mesmo proveito.

A ponderação sobre a existência do altruísmo é uma não-questão. Estou seguro de que o melhor para qualquer indivíduo é sempre o melhor para os restantes. Tal acontece na medida em que a melhor decisão face a uma qualquer circunstância, tende a estar diretamente relacionada com a longevidade e adiamento do ‘valor’ recebido. Para além disso, decisões e ações que tenham em vista o curto prazo tendem a ser agudamente efémeras, comprometendo estratégias de ação que poderiam originar maior retorno.

É comum discutir-se se alguém pode ser verdadeiramente altruísta ou não, no entanto sou da opinião de que excetuando situações que comprometam a dignidade e bem-estar humanos, o melhor para cada indivíduo é, no longo prazo, sempre a melhor opção para os restantes. Em primeiro lugar, porque estratégias de longo prazo proliferam quando existe uma relação ‘win-win’ entre duas ou mais entidades existindo uma clara sinergia e consequente geração de valor acrescentado extra, quando comparado com uma situação de absoluta competição onde os resultados positivos individuais dos intervenientes do mercado, e deveras da vida, são mutuamente exclusivos. Um bom exemplo disto seria uma dada organização, um qualquer colaborador valorizado pela empresa, estar desmotivado e em alternativa à busca da melhor solução para a vontade do colaborador, que é sair.

Neste tipo de situações, a não ser que se encontre um ponto de equilíbrio e o colaborador possa genuinamente mudar de ideias, forçá-lo a permanecer sob quaisquer condições é um mau cenário para ambos: a produtividade vai ser mais baixa, os consequentes resultados inferiores e o colaborar menos realizado. No final de contas, mais valia tê-lo deixado sair.

Em segundo lugar, as sinergias que são generalização de estratégias de longo prazo favoráveis aos seus intervenientes envolvem inevitavelmente cruzamento de áreas de formação. Áreas essas que são os meios de cultura e ideias para inovação e disrupção. Em terceiro e último lugar, estou seguro de que se confunde frequentemente satisfação e ‘preenchimento do próprio’. Isto acontece na medida em que uma qualquer entidade identificar uma necessidade a curto prazo estar normalmente relacionada com a busca de uma satisfação rápida de uma necessidade aparente, e não propriamente de uma tomada de decisão que represente uma aproximação em relação à sua competitividade.

Para além disso, é comum surgirem essas mesmas ditas necessidades de curto prazo, principalmente nas organizações, como fruto de uma tomada de decisão anterior tendo também ela em vista o curto prazo.

Em suma, o bem-estar, utilidade, felicidade ou valor tende a ser maior e menos efémero quando abdicamos do proveito a curto prazo, e investimos no futuro adiando esse mesmo proveito. Esse investimento é de maior escala quando é trabalhado em sinergia. O melhor para todos, e para o leitor, é trabalhar com boas pessoas hoje para colher os frutos amanhã ou depois.