SPAC acusa Governo de promover “campanha de desinformação” sobre salários dos pilotos da TAP

O sindicato dos pilotos o dedo ao ministro Pedro Nuno Santos. “As intervenções públicas do senhor Ministro das Infra-estruturas e Habitação e as informações divulgadas pelo ministério têm estimulado esta campanha de desinformação que em nada contribui para a credibilidade e estabilidade da TAP”, lê-se em comunicado.

O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) acusa o Governo de estar a protagonizar “uma verdadeira campanha de desinformação” sobre os salários dos pilotos da TAP que tem “como único objetivo transferir para os pilotos o ónus dos maus resultados da TAP e desviar a atenção dos reais motivos” que levaram a companhia aérea a atravessar a atual crise.

O SPAC aponta mesmo o dedo a Pedro Nuno Santos. “As intervenções públicas do senhor Ministro das Infra-estruturas e Habitação e as informações divulgadas pelo ministério têm estimulado esta campanha de desinformação que em nada contribui para a credibilidade e estabilidade da TAP”, lê-se na nota enviada à comunicação social.

Em onze pontos, o SPAC defende que os dados que têm vindo a público deviam ser comparados com “uma base idêntica”. “Ou seja, por exemplo, os mesmos dias de atividade mensal e horas de trabalho e a diferenciação entre vencimento base e variáveis associadas ao trabalho prestado e trabalho suplementar. Os dados que têm sido divulgados não apresentam este tipo de indicadores”, refere o sindicato.

Os pilotos “estranham” ainda “que os dados vindos a público nos últimos dias não comparem os salários da TAP com os de outras concorrentes em destinos tão relevantes como a Alemanha (Lufthansa) ou Reino Unido (British Airways) e que não se considere que o hub da TAP concorre com os hub destas companhias, designadamente para o Brasil e Estados Unidos da América, nem nos voos para África”. “Talvez porque não convém a comparação com as mesmas, dado os vencimentos dos seus pilotos serem significativamente superiores aos praticados na TAP”, diz a estrutura sindical liderada por Alfredo Mendonça.

O SPAC recorda que “o custo com Pilotos da TAP nos anos de 2018 e 2019 foi significativamente agravado por recurso a trabalho extraordinário a pedido da empresa”, o que resultou da “existência de mais voos para os quais não havia pilotos suficientes”. Ainda assim, o SPAC defende que esta medida – que diz não poder ser confundida com salários – permitiu à companhia poupar: “O trabalho extraordinário dos pilotos da TAP permitiu que, em 2018 e 2019, os custos com fretamento (contratação externa) de serviços de voo tivessem passado de 205 milhões de euros para 10 milhões”.

“Certamente que em vez de debater os salários dos pilotos da TAP, deveria ser explicado aos portugueses o porquê de, entre 2018 e 2019, os custos com as irregularidades operacionais da companhia (custos em que a TAP incorreu devido a indemnizações por atrasos, irregularidades, cancelamentos de voos, despesas de alojamento de passageiro, entre outras) terem sido de 57 e 70 milhões de euros, respetivamente, e do indicador “Outros Gastos” ter sido, no mesmo período, de 170 e 179 milhões de euros”, questiona o comunicado.

O SPAC conclui a nota reafirmando “o seu total compromisso com o futuro da TAP” e garante que os pilotos “não hesitarão em defender o seu bom nome e ética profissional, rejeitando alinhar em campanhas que desgastam a companhia e põem em causa o seu futuro”.