Prestações em moratória devidas à banca pelas empresas vão atingir 11 mil milhões até setembro de 2021

As conclusões surgem no relatório de estabilidade financeira (semestral) do BdP. Em relação às famílias, o BdP indica que, em setembro, “17% do total de empréstimos concedidos a famílias encontrava-se em moratória, uma valor muito acima da média europeia (que era de 6,2% em junho).

O Banco de Portugal prevê que 15% do crédito às empresas, cerca de 11 mil milhões de euros, fique por pagar durante o período de vigência das moratórias, segundo números do relatório de estabilidade financeira divulgado esta quinta-feira.

“A moratória e as linhas de crédito com garantia pública foram fundamentais para mitigar os efeitos da pandemia sobre a liquidez e sobre o risco de crédito das empresas, sendo particularmente importantes nos setores de atividade mais afetados pela crise e, em especial, para as PME. Não obstante, no momento em que as moratórias de crédito expirarem poderá ocorrer um aumento significativo do incumprimento, em magnitude dependente da duração da pandemia e das outras medidas que estiverem em vigor à data”, lê-se no relatório.

“Estima-se que até ao final do período de vigência da moratória (setembro de 2021), as prestações devidas e não pagas possam ascender a cerca de 15% do stock de empréstimos das empresas (cerca de 11 mil milhões de euros, do qual um terço relativo a prestações devidas até setembro 2020). Este alívio temporário do serviço da dívida, que inclui a totalidade do montante em dívida no caso de empréstimos que se venceriam no período da moratória, deverá beneficiar relativamente mais as PME e os setores mais afetados pela crise”, acrescenta o BdP.

Em relação às famílias, o BdP indica que, em setembro, “17% do total de empréstimos concedidos a famílias encontrava-se em moratória, sobretudo empréstimos à habitação”. “A adesão à moratória foi significativa nos meses de abril e maio de 2020, sendo residual entre junho e setembro, apesar dos prolongamentos dos prazos-limite para adesão. Considerando o crédito a famílias por finalidade, observa-se que 19% do stock de crédito pessoal, 19% do stock de crédito à habitação e 6% do stock de crédito automóvel se encontravam abrangidos por moratória”. “Dos devedores com moratórias, 51% apenas o fizeram no crédito à habitação, 20% apenas no crédito pessoal e 22% recorreram simultaneamente no crédito à habitação e ao consumo (pessoal/automóvel/cartão de crédito)”, refere a instituição. Os pedidos de moratórias “é uma das proporções mais elevadas da União Europeia“ e contrasta com a média de 6,2% registada em junho na União Europeia.