O pânico

O ministro espantou-se que mesmo depois da demissão atrasada, o queiram demitir a ele. E lá desatou a carregar no botão de pânico.

A directora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras não tivera sequer a hombridade de falar atempadamente com os familiares de Ihor Homeniuk, assassinado por subordinados seus nas instalações do SEF do Aeroporto de Lisboa. Apesar de saber desde Março, segundo palavras suas, do caso, e de logo o transmitir ao ministro. Não falou a mais ninguém do assunto, mas deu uma tristíssima entrevista à RTP há dias.

Mas lá se demitiu. Tarde, mas acabou demitida, por vontade ou sem ela. E também se um funcionário, ou foi muito naturalmente forçado a isso, outro funcionário seu coordenador (?) do Gabinete de inspecções. O ministro espantou-se que mesmo depois da demissão atrasada, o queiram demitir a ele. E lá desatou a carregar no botão de pânico. O problema é que lhe apareceu um inspector do SEF, irritado com o som do botão. E pronto a desancar no ministro por lhe tocar. O ministro ainda se pôs em bicos de pés, a reclamar quem era. Mas o inspector respondeu-lhe ser ele próprio o Napoleão, e desatou a desancá-lo. O ministro levantou com dificuldade os bracitos gorduchos para se defender, e conseguiu fugir do inspector que lhe batia. Apareceu-lhe então a antiga directora, a explicar-lhe que tinha de se demitir também, como queriam os que nunca disseram nada sobre o assunto.

Contudo, o ministro assegurou-lhe nem saber muito da questão, nem dos seus inspectores, e que mesmo assim tinha feito mais que toda a gente. Mas a directora disse-lhe que também não sabia antes dos inspectores assassinos, e estava demitida, apesar de ter feito alguma coisa antes da demissão. Só pelo azar de estar no sítio errado na altura errada.