400 anos depois, a “Estrela de Belém” volta a ver-se nos céus esta segunda-feira

Hoje pode ver algo que nunca viu e que não voltará a ver: a conjunção dos dois maiores planetas do sistema solar – Júpiter e Saturno.

A última vez que este fenómeno aconteceu, o mundo estava na idade média, há 400 anos. Agora a “Estrela de Belém” vai aparecer novamente.

Além de "Estrela de Belém", os astrónomos chamam a este fenómeno de "conjunção" – os dois maiores planetas do sistema solar (Júpiter e saturno) vão estar tão próximos que vão parecer apenas um planeta. Quando se alinharem vão formar um brilho intenso semelhante ao de uma estrela.

"Alinhamentos entre esses dois planetas são bastante raros, ocorrendo uma vez a cada 20 anos ou mais, mas essa conjunção é excecionalmente rara por causa da proximidade dos planetas", disse o astrónomo Patrick Hartigan, professor de Física e Astronomia da Rice University (Houston, EUA), num comunicado da NASA.

"Desta vez, se pusermos um dedo mindinho, vamos conseguir tapar os dois planetas, o que quer dizer que é mesmo, mesmo, muito próximo", comenta Patrick Hartigan.

Pedro Garcia, técnico de comunicação do OASA (Observatório Astronómico de Santana – Açores), ainda explica à agência Lusa que "uma das formas como percebemos que não é uma estrela é porque não cintila, porque os planetas não cintilam no céu, mas vai aparecer um ponto muito brilhante no céu".

A questão será: a que horas vai acontecer e como podemos observar?

De acordo com as declarações do técnico de comunicação do OASA, o fenómeno vai acontecer por volta das 18h30 em Portugal continental (17h30 nos Açores). Contudo, o técnico aconselha a que se comece a acompanhar a partir das 16h30 (15h30 no Açores).

Podemos observar com um telescópio ou com uns binóculos, porém a “olho nu” e "num céu com muito pouca poluição luminosa e numa noite com boas condições meteorológicas, vai ser possível ver os dois planetas tão juntos que vai parecer apenas um". Com os binóculos com uma dimensão de 50×70, temos a possibilidade de “conseguir ver as luas de Júpiter e perceber que Saturno tem umas 'orelhas', que são os anéis", assegura Pedro Garcia.

A poucos dias do Natal, e no dia do solstício de inverno, há quem compare esta estrela à mesma que guiou os Reis Magos. No século XVII, o astrónomo e matemático Johannes Kepler explicou que o acontecimento da estrela de Belém possa ter sido uma conjunção, porém Pedro Garcia acha que não seja nada disso, “até porque o efeito não será semelhante à descrição da estrela de Belém”.

Apesar de todas as teorias, o técnico disse para aproveitar porque “este fenómeno só volta a acontecer daqui a cerca de 60 anos, em 2080, e, se calhar, esta pode ser a última oportunidade para muitas pessoas". O OASA, no seu dia de folga, vai transmitir online na mesma as imagens do fenómeno.