Matos Fernandes acredita que animais abatidos na Azambuja foram levados para Espanha para consumo

O ministro referiu ainda que não acredita que a empresa que pretende construir uma central fotovoltaica no local tenha algum envolvimento na situação. 

O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, disse, esta quarta-feira, que "uma parte muito significativa" dos 540 animais abatidos na Herdade Torre Bela, na Azambuja, "ou mesmo todos, foram levados para Espanha", em declarações à TSF. O governante diz acreditar que os veados e os javalis foram levados para o país vizinho para consumo. 

Depois de a Federação Portuguesa de Caça (Fencaça) ter vindo a público dizer que a caçada poderá ter ocorrido com o objetivo de construir uma central fotovoltaica no local, João Pedro Matos Fernandes esclareceu que não existe, na sua visão, "qualquer relação" entre a caçada e a construção de uma central fotovoltaica naquele local. "Não é possível construir uma central fotovoltaica num espaço onde existem animais de grande porte, mas não há qualquer relação entre isso e a chacina que aconteceu na semana passada", disse o govervante, que sublinhou que a empresa de construção responsável já veio a público "condenar essa chacina".

Matos Fernandes diz que não existe "nenhuma razão para achar que houve conluiu" entre a empresa e os caçadores. "Existe alguma relação entre a instalação da central e a chacina perpetrada por 16 caçadores? Eu não encontro nenhuma. Está a decorrer a consulta pública do estudo de impacto ambiental [da construção da central], que propõe que dali sejam retirados os animais, dando exemplo de um sítio para onde podem ser retirados", acrescentou ainda o governante, dizendo que "enquanto não houve uma declaração de estudo de impacto ambiental", a empresa de construção não tem nenhum direito sobre o terreno. 

A licença de caça da quinta da Azambuja foi revogada pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). O caso foi já reportado ao Ministério Público. Na nota enviada às redações, o Ministério do Ambiente indica que, no processo de averiguação, “foram recolhidos fortes indícios de prática de crime contra a preservação da fauna”.