O Natal de Marcelo

Marcelo falou e, no exemplo de organização que deu aos portugueses, estava tudo errado. As escolhas são de cada um, mas o Natal de Marcelo não era exemplo. As reações dos ‘epidemiologistas sensibilizados’, de que falou assim quando podia ter-lhes agradecido, eram inevitáveis.

Não é tempo para moralismos. Até entre os mais cautelosos há um abraço que não se contém, outros fatores que pesam nas decisões em família, a idade dos nossos, não se saber se há outros Natais. Marcelo falou e, no exemplo de organização que deu aos portugueses, estava tudo errado. As escolhas são de cada um, mas o Natal de Marcelo não era exemplo. As reações dos ‘epidemiologistas sensibilizados’, de que falou assim quando podia ter-lhes agradecido, eram inevitáveis. Por uma questão de coerência, porque não é altura para confundir mais as pessoas e porque tem de haver a consciência de que não sabemos o preço que será pago coletivamente por este Natal. O Presidente da República retificou os planos, mas o Natal reduzido à última hora foi mais que uma gafe presidencial. É uma sirene a tocar. Bem-intencionado certamente, um professor catedrático, leitor ávido, político experiente que sabe o alcance das suas declarações e que tem tido oportunidade de fazer perguntas aos especialistas que a maioria dos portugueses só veem na televisão, fez uma interpretação incorreta das recomendações que se repetem à exaustão nas últimas semanas. Os afetos podem falar mais alto que a razão mesmo em alguém hipocondríaco. E isso deve dar-nos a todos, ao próprio, aos decisores, autoridades, que pensar.