Trump concede perdões presidenciais

Entre os indultados estão quatro mercenários, dois acusados de estarem envolvidos na interferência russa nas presidenciais de 2016, e três antigos congressistas.

A menos de um mês de abandonar a Casa Branca para dar lugar a Joe Biden, que irá tomar posse da Presidência dos Estados Unidos no dia 20 de janeiro, o Presidente cessante, Donald Trump, está a aproveitar os últimos dias no cargo para lançar as suas últimas cartadas e, desta vez, concedeu pelo menos 15 indultos a diversas figuras controversas.

Entre os ‘perdoados’ de Trump estão Paul Slough, Evan Liberty, Dustin Heard e Nicholas Slatten, mercenários da empresa Blackwater, uma empresa militar privada, condenados pelo homicídio de cidadãos iraquianos em 2007.

Estes quatro foram os responsáveis pelo massacre da Praça Nisour, onde dispararam indiscriminadamente contra civis desarmados com metralhadoras, snipers e lança-granadas, matando 17 iraquianos. Slatten, o primeiro a disparar, foi acusado de homicídio em primeiro grau e condenado a prisão perpétua.

Interferência russa

Declararam-se culpados por prestar declarações falsas às autoridades federais durante a investigação sobre a interferência da Rússia nas presidenciais de 2016, mas também mereceram indultos da parte de Trump.

George Papadopoulos, um antigo conselheiro de política externa do Presidente cessante durante a campanha de 2016, e o advogado holandês Alex van der Zwaan, que também se declarou culpado, em 2018, foram duas figuras proeminentes no inquérito que procurou encontrar provas da interferência do Kremlin nas presidenciais que elegeram Trump.

Ambos chegaram a ser detidos pelas autoridades – Van der Zwaan foi inclusive condenado a 30 dias de prisão e multado em 20 mil dólares por mentir ao Conselho Especial dos EUA –, mas estão agora perdoados aos olhos da Justiça.

Membros do Congresso

Três antigos membros do Congresso, Duncan Hunter, Chris Collins e Steve Stockman, foram perdoados por Trump.

Hunter, que em janeiro ia começar a cumprir uma pena de 11 meses, declarou-se culpado, em 2019, de má utilização dos fundos de uma campanha.

Collins, um dos primeiros apoiantes de Trump, está atualmente a cumprir uma pena de 26 meses depois de também se ter declarado culpado, no ano passado, de prestar falsas declarações ao FBI e de conspirar para cometer fraude na área da segurança.

Stockman foi condenado em 2018 por fraude e lavagem de dinheiro e estava a cumprir uma pena de dez anos.

Estes perdões não deverão ser os últimos de Trump enquanto Presidente e estão a suscitar dúvidas sobre a sua legitimidade, uma vez que surgiram denúncias de indivíduos que estavam a tentar comprar os indultos presidenciais.