Um bom ano é coisa que não nos deve esperar

As famílias terão de se unir firmemente no próximo ano. As instituições e o setor público terão de se movimentar para ajudar a reerguer a vida de muitas pessoas…

A esperança da vacina preencheu o nosso imaginário desde o início da pandemia.

Manter a calma e a serenidade frente ao anúncio da proximidade de um tsunami é apenas fácil para aqueles que não têm uma pinga de sangue nas suas veias e isso, tenho a certeza, há poucos homens no mundo. Diante de uma desgraça anunciada todos nós temos a tentação de desanimar.

Este ano os astrólogos terão mais facilidade em ler os estranhos astros que regem os céus. Sim… porque todos eles acertaram nas previsões para 2020: será um ano cheio de surpresas; será um ano de oportunidades; será um ano voltado para a família.

E não é que os benditos astrólogos acertaram nas previsões que fizeram para este ano!

É verdade. O ano de 2020 foi uma surpresa e com muitas oportunidades principalmente no campo da família.

Mas se as previsões para 2020 foram lidas nos astros, as previsões para 2021 estão escritas na nossa testa e não será difícil ler.

O ano de 2021 será um ano de oportunidades, cheio de surpresas e voltado para a família.

Cheio de oportunidades, porque seguramente que muitos vão perder a oportunidade de continuar nos seus trabalhos e outros terão a oportunidade de se reinventarem a si e à vida que levaram até agora.

Cheio de surpresas, porque muitos terão a surpresa de perder o seu emprego de uma longa ou curta vida. Tudo o que julgávamos seguro até agora cairá surpreendentemente no próximo ano.

Voltado para a família, porque muitas famílias terão de permanecer mais juntas em 2021 do que durante os dias de confinamento para conseguirem superar as dificuldades que se nos deparam.

Quem vive na baixa de Lisboa, como eu, viu há dez anos atrás a transformação lenta de toda esta zona: lojas a abrir, restaurantes a surgir em todo o lado, cafés com todo o tipo de bolos (como a Padaria Portuguesa, onde costumo comer uns croissants com chocolate).

Tenho um amigo italiano que diz que, quando chegou a Portugal, Lisboa parecia uma cidade surgida da segunda guerra mundial. Eu próprio me lembro de chegar à Mouraria e de não haver um único prédio pintado. Tudo estava em ruínas.

Depois de ter ressurgido das cinzas e de se ter erguido, Lisboa está hoje a sofrer uma nova transformação.

Quem não se lembra de passar há um ano atrás pela Rua Augusta, cheia de gente, com restaurante por todos os lados e lojas de roupa e não só?

Hoje são já muitas as lojas que fecharam.

E em Lisboa? Alojamentos locais, hotéis, restaurantes, lojas, garrafeiras e muito mais coisas fecharam nos últimos meses.

E será assim nos próximos seis meses do próximo ano de 2021.

Estive em Fátima e houve um só alojamento com trinta e três empregados, que fechou. Não há gente que fique alojada nos hotéis. Nada. Numa só semana aquela casa fechou e mandou todos os empregados para o fundo de desemprego.

As famílias terão de se unir firmemente no próximo ano. As instituições e o setor público terão de se movimentar para ajudar a reerguer a vida de muitas pessoas que se habituaram a viver de uma determinada forma e que terão de fazer ajustamentos significativos.

Não será coisa boa que nos espera no próximo ano… mas nós cá estaremos para lutar, unidos, todos. Porque sozinhos não poderemos chegar a qualquer lado.

Se alguma coisa de bom tudo isto nos poderá ajudar na nossa forma de viver, será, seguramente, na nossa vida familiar. Estou profundamente convicto que sairemos muitos mais fortalecidos nos laços familiares.