Autárquicas. A luta pela influência no poder local

Nas autárquicas de 2021, o PS vai tentar segurar a vantagem com 159 câmaras, o PSD aposta em Lisboa e Porto, enquanto o PCP tentará inverter a perda de dez câmaras em 2017.

As eleições autárquicas são normalmente um teste às lideranças dos partidos, apesar de haver sempre quem faça o discurso de que não há espaço para leituras nacionais em atos eleitorais para o poder local. Mas não será bem assim, em outubro de 2021, sobretudo num cenário da pandemia da covid-19 . Para o PS, que detém 159 câmaras, será difícil igualar o resultado de 2017. Que já tinha feito história em 2013 com 149 autárquicas. Por isso, a ordem será resistir o melhor possível e perder o menor número de autarquias, votos e mandatos. 

O desgaste do Governo também se poderá medir na capacidade de garantir a manutenção da liderança da Associação Nacional de Municípios Portugueses para os socialistas. Mas é à direita do PS que o tema se pode tornar particularmente importante. 

No PSD, Rui Rio está na liderança desde 2018. Já foi a votos em legislativas e perdeu. Também não ganhou as Europeias e, agora, o líder que foi autarca durante três mandatos, pode jogar também aí o seu futuro. O PSD lidera sozinho 79 autarquias, num resultado obtido em 2017 que ditou o afastamento de Pedro Passos Coelho. Agora, o presidente ‘laranja’ assume que será «vital» acautelar um bom resultado nas autárquicas. Mais, Rio vai empenhar-se diretamente nos dois maiores concelhos: Lisboa e Porto. 

Em Lisboa, o líder social-democrata assegurou ontem, na Antena 1, que «Fernando Medina não é imbatível» na autarquia da capital. No PSD a ordem é não apontar nomes possíveis de candidatos, mas há sempre uma lista, mais ou menos provável que corre nos bastidores do partido, desde Carlos Moedas (que está na Fundação Calouste Gulbenkian) até Ricardo Baptista Leite, médico e deputado que pode ser uma das soluções para uma candidatura autárquica na Área Metropolitana de Lisboa. 

À esquerda, o PCP também joga a sua capacidade nas autárquicas. Perdeu dez câmaras em 2017 e não poderá perder mais em 2021, sob pena de se fazer a análise de um declínio eleitoral. 

O Bloco, por seu turno, tem pouca expressão a nível autárquica , apesar de ter subido em número de votos e mandatos nas últimas autárquicas. Se conseguir melhor em 2021, o desafio está ganho.