A impunidade de certas minorias

A ditadura do politicamente correcto proíbe que se identifiquem determinadas minorias como desrespeitadores constantes das leis vigentes no País, caindo no infame crime da xenofobia quem se atreva a denunciar o óbvio, mas são as populações que habitam a paredes meias com essas etnias que sofrem na pele a incúria e desleixo dos políticos

O ano que agora findou ficará registado, para os anais, como o da deterioração da protecção às populações a cargo das forças e serviços de segurança.

Foram muitas as trapalhadas em que as autoridades responsáveis pela segurança interna se envolveram, fruto da notória incapacidade do poder político em gerir um ministério há muito reduzido ao descrédito.

A redução dos efectivos policiais tem sido o mote para o incumprimento de variadas missões, não se vislumbrando capacidade decisória e de iniciativa, da parte a quem lhe foi confiado esse dever, para se ultrapassar este obstáculo.

Os exemplos deste desnorte perdem-se no tempo e no espaço, gerando um profundo desconforto no seio da sociedade.

Durante o período no Natal, na alentejana vila de Alter do Chão, a comunidade cigana aí residente, certamente imbuída do espírito natalício, resolveu envolver-se numa festa que se prolongou ao longo de cinco dias, provocando a revolta e a indignação da população local.

Os escassos efectivos do Posto da Guarda Nacional Republicana viram-se impotentes para travar a violação em curso às regras do confinamento, impostas a todo um povo, tendo mesmo sido recebidos à pedrada no cumprimento do seu dever de restaurar a ordem pública.

A ditadura do politicamente correcto proíbe que se identifiquem determinadas minorias como desrespeitadores constantes das leis vigentes no País, caindo no infame crime da xenofobia quem se atreva a denunciar o óbvio, mas são as populações que habitam a paredes meias com essas etnias que sofrem na pele a incúria e desleixo dos políticos, que se recusam a dotar as Polícias dos meios materiais e humanos necessários para garantirem a paz territorial.

Também numa noite perto do final do ano, uma patrulha da Polícia de Segurança Pública foi recebida à pedrada no Bairro da Quinta da Fonte, em Loures, quando procurava recuperar uma viatura furtada, a qual fora localizada pelo próprio proprietário naquela zona residencial e desse facto dera conhecimento às autoridades.

Os polícias tiveram que se proteger da tentativa de agressões de que estavam a ser alvo por inúmeros locais, incluindo com o arremesso de pedras a partir dos telhados de diversas casas, mas, pela cadeia de comando, foi-lhes determinado que abandonassem aquele bairro, sem que reforços viessem em seu auxílio, sob o pretexto de que seria mais cauteloso aguardar-se pelo dia seguinte para se tentar recuperar o veículo em questão.

Uma operação mais musculada àquela hora da noite, e dirigida a uma específica franja étnica, poderia, naturalmente, ser rotulada de racista e atentatória dos direitos das minorias.

Como consequência dessa inacção policial, a viatura furtada veio, efectivamente, a ser restituída ao seu dono no dia seguinte, mas completamente carbonizada, tarefa com que se entreterem, ao longo da noite e impunemente, os bandidos que dela se apropriaram!

Episódios como estes, que são o “pão nosso de cada dia”, curiosamente num País no qual os seus governantes nos vendem a ideia de ser o terceiro mais seguro do mundo, minam a autoridade do Estado, deixando uma fatia considerável das suas populações à mercê de sucessivos atropelos ao seu bem-estar por parte de grupos minoritários que se julgam acima da Lei, e como tal se comportam, sem que por isso sejam incomodados por quem tem como obrigação zelar pela segurança pública.

Mas a falta de efectivos com que as Polícias se debatem para combater a criminalidade, parece não afectar a prestação de serviços a outras actividades, não directamente relacionadas com a salvaguarda das pessoas e dos seus bens.

A chegada do primeiro lote de vacinas contra a Covid-19 foi acompanhada de um aparato policial digno das melhores séries que se produzem nos estúdios de Hollywood, com direito a escoltas próprias de um país do terceiro mundo.

Só faltou mesmo a actuação de uma das bandas de música, de que as forças de segurança dispõem, para alegrar a festa!

A insuficiência de meios humanos também não se faz sentir nas sucessivas operações de fiscalização rodoviária, responsáveis por gigantescos congestionamentos de trânsito, somente para assegurar que ninguém fure o suposto controle sanitário entre concelhos.

Nem tão pouco no patrulhamento das localidades, visando garantir que os portugueses cumpram escrupulosamente o recolher obrigatório e a reclusão domiciliária a que têm sido condenados.

A escassez de pessoal, igualmente não foi motivo impeditivo para que, em Évora, elementos da PSP daquela cidade fizessem uma emboscada a uma viatura de transporte de vacinas escoltada por militares da GNR, situação que, veio a saber-se, se repetiu noutras localidades.

A coordenação entre estas duas forças de Polícia compete, como bem sabemos, ao ministério da administração interna, cujo ministro, conforme provas sobejamente apresentadas, especializou-se mais na arte de atear fogos do que, propriamente, em apagá-los!

Não admira, pois, que este ano, pela primeira vez desde a sua secular existência, a PSP tenha tido menos candidatos ao seu curso de formação do que vagas a este destinadas.

Quem se quer arriscar a ser polícia num país em que os agentes de autoridade são constantemente desautorizados pelo poder político, regra geral com a conivência das suas mais altas chefias, acabando indefesos perante sectores populacionais para quem a Lei é letra morta?

E, ainda por cima, mal pagos e privados das regalias que em tempos lhes foram concedidas, cuja lógica seria a de compensar a perda de direitos a que estão deontologicamente submetidos.

Uma profissão na qual se arrisca a vida pelo próximo, sem que o Estado tenha uma palavra de apreço por aqueles que mais se evidenciam em prol do bem-comum.

Também há muito pouco tempo um militar da GNR foi baleado à queima-roupa, no Seixal, por um cadastrado, somente não tendo perdido a vida por ter sido salvo por um colete custeado pelo seu próprio bolso.

Como resposta adequada e necessária tornou-se imperativo abater o criminoso, porque se tratou da única opção para se poupar mais derramamento de sangue inocente.

A reacção imediata do ministro, ao invés de procurar a prestação dos melhores cuidados possíveis ao militar ferido, tanto médicos como psicológicos, bem como o apoio à sua família, foi a de ordenar a instauração de um inquérito, disso fazendo alarido público, certamente com receio de ser acusado de pactuar com a morte de um membro duma minoria racial.

O governante fingiu desconhecer que inquéritos dessa natureza são obrigatórios em qualquer situação análoga à verificada, não estando dependentes de ordens ministeriais nesse sentido.

Como se não bastasse, os polícias de hoje são confrontados com uma realidade que os desmoraliza e lhes bloqueia o incentivo para continuarem a cumprir com o seu dever: em muitos dos nossos tribunais, quase sempre, a palavra de um bandido vale mais do que a daquele que enverga uma farda.

Por esse emotivo, no final do ano entrou no estabelecimento prisional de Tomar um oficial da GNR, um dos melhores da sua geração, para cumprir quatro anos e meio de prisão.

Perdeu a guerra jurídica que uns meliantes por ele detidos lhe travaram.

Ao contrário do que normalmente acontece nos filmes, na vida real, particularmente em Portugal, são os maus quem vencem!

 

Pedro Ochôa