ISEG. PIB em queda livre ao cair 9% no quarto trimestre

No conjunto do ano, os economistas apontam para uma quebra de 8,4%, ao encontro do que foi estimado pelo Governo no OE 2021. 

Só no quarto trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá cair 4% – uma queda de 2,9% face aos três meses anteriores – e no conjunto do ano deverá deslizar 8,4% face a 2019. As contas são dos economistas do ISEG e vão ao encontro das previsões do Governo (-8,5%) no Orçamento do Estado para 2021 (OE 2021). Mas ainda assim, representa uma ligeira melhora face à quebra de 8,5% que tinha sido divulgado na síntese de novembro.

O documento entretanto agora divulgado aponta para uma quebra trimestral, nos últimos três meses do ano, ao indicar uma variação de -2,9% do PIB face ao terceiro trimestre e uma quebra do PIB no quarto trimestre de 9% quando comparada com o ano anterior. “No essencial, mantêm-se as previsões do relatório anterior, com um decréscimo homólogo de 9% para o PIB no 4.º trimestre, a que corresponde, dadas as estimativas do INE para os trimestres anteriores, uma variação de -2,9% face ao trimestre anterior e um decréscimo anual de 8,4% face a 2019”, releva o ISEG.

Para 2020, o Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta para uma queda de 10,0% da economia portuguesa, com a Comissão Europeia e o Conselho das Finanças Públicas a esperarem uma recessão de 9,3%, o Governo de 8,5%, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) de 8,4% e o Banco de Portugal de 8,1%. 

Já o indicador de tendência do conjunto de atividade do ISEG “depois de ter estabilizado em outubro decresceu em novembro”. E acrescenta que: “Este resultado foi determinado por uma evolução tendencial mais negativa na indústria e no volume de negócios no comércio retalhista em novembro, sendo de esperar que o mesmo terá ocorrido no volume de negócios nos serviços”, pode ler-se na síntese de conjuntura hoje divulgada.

Segundo o ISEG, “mesmo com a indicação qualitativa menos negativa de dezembro, o quarto trimestre confirma-se – inevitavelmente, devido às maiores restrições de atividade – como um trimestre em que se registará um decréscimo da procura interna face ao trimestre anterior e um decréscimo homólogo superior ao do terceiro trimestre”. 

Os economistas afirmam ainda que “no domínio da procura externa líquida também se não deverá ter alteração em termos de contributo negativo”, já que “os dados do comércio externo em outubro continuam a mostrar uma melhoria homóloga do défice externo nos bens, com a exportação de bens a decrescer menos do que as importações”. No entanto, lembra que, “em simultâneo, o menor saldo positivo dos serviços, sobretudo devido à queda da procura externa turística, deverá voltar a descer no quarto trimestre”. 

O ISEG não avança, para já, com previsões para o ano de 2021.