“É o tipo de argumentos que Orbán usa para quem o critica”, diz Ana Gomes sobre Costa

Pandemia e corrupção foram os temas mais disputados no duelo televisivo entre Ana Gomes e Tiago Mayan Gonçalves.

O debate presidencial entre Ana Gomes e Tiago Mayan Gonçalves desta quinta-feira, transmitido pela TVI 24, dividiu-se maioritariamente nos temas da pandemia e da corrupção, onde foi possível notar a diferença nas convicções políticas dos candidatos.

Logo na primeira pergunta, Tiago Mayan não desperdiçou a oportunidade de acusar novamente o Governo de apresentar “as mesmas medidas de sempre” para combater o novo coronavírus.

Contudo, a questão incidiu-se nas condições necessárias para que o país preste o seu voto, sendo que António Costa já avisou para um eventual confinamento, que poderá apanhar o dia da votação para o Presidente da República. Mayan explica que “Faz sentido respeitar a Constituição e Governo tem de garantir a segurança”.

Já Ana Gomes diz que ainda não sabe nenhuma informação a respeito do dia da eleição, mas que espera o Governo “possa envolver os candidatos no processo de decisão”, referindo-se também à reunião do Infarmed na qual os candidatos à presidência da república vão poder participar.

Mayan não se esqueceu de referir novamente a questão das medidas de emergência, voltando a criticar, neste caso, Ana Gomes por querer “retirar a capacidade de decisão parlamentar” e de “banalizar as medidas de emergência sem emergência”, momentos a seguir da candidata ter indicado que é contra a banalização do estado de emergência.

O caso de António Costa ter acusado os três sociais-democratas de estarem a liderar uma campanha para manchar a imagem de Portugal no estrangeiro também foi assunto neste debate.

Ana Gomes aproveitou o momento para comparar António Costa a Viktor Orbán, Primeiro-Ministro da Hungria. “É o tipo de argumentos que Viktor Orbán usa para atacar quem o critica e o nosso primeiro-ministro é muito melhor do que isso. Por isso custou-me ver esse tipo de resposta a críticas”, diz, explicando que o Governo português devia ter reconhecido o seu erro e deixado também o comité de seleção internacional escolher o procurador europeu.

Tiago Mayan sacou ainda um coelho da cartola, ao colocar sobre a mesa dos assuntos sobre a corrupção, o dossiê do antigo primeiro-ministro Sócrates. “Ana Gomes não se coibia de andar de braço dado com Sócrates”, acusando a candidata a Belém de “nunca terem campainhas de alarme quando andava” com Sócrates, mas ainda se ter juntado, mais tarde, a campanhas contra o socialista.

Ana Gomes avisou logo Mayan ao dizer que foi das primeiras pessoas a contestar as posições de Sócrates, “não sabia da missa a metade, mas falei do que sabia. Eu não falo só sobre corrupção, eu atuo”, afirma a candidata a Belém.

A partir deste momento, o tema da corrupção instala-se mais no debate e o candidato da Iniciativa Liberal admite que Portugal é um país corrupção, pois diz que “há problemas”, mostrando-se preocupado com os processos que estão escondidos por haver “estado a mais”.

Para a ex-eurodeputada, a solução para combater a corrupção no país está em “não alinhar com os esquemas de desregulação que os liberais defendem e que são a maior conduta para a corrupção”. Ana Gomes também reforça o papel que o Presidente da República tem de criar para haver uma interação constante com a Procuradoria-Geral da República.