Mais de mil mortes acima do esperado nos primeiros sete dias de janeiro

Mortalidade disparou nos primeiros dias do ano. Em sete dias houve 1149 mortes acima do expectável nesta altura.

Mais de mil mortes acima do esperado nos primeiros sete dias de janeiro

Depois do recorde de mortalidade em 2020, com 123 mil mortos no país, 2021 começa com um número de óbitos «muito acima do esperado», mesmo para janeiro, historicamente o mês com mais mortes no país.

O Sistema Nacional de Vigilância de Mortalidade (eVM) mostrava ontem um excesso de 1149 mortes nos últimos sete dias, os primeiros de 2021 – pico já muito acima dos últimos dois janeiros, ambos sem pandemia. O dia 6 de janeiro registou o maior número de mortes, 550, números que vão sendo consolidados ao longo dos dias à medida que são registados certificados de óbito que não deram entrada na plataforma do Ministério da Saúde no próprio dia. Nessa última quarta-feira, foram registados 95 mortes associadas à covid-19, 17% dos óbitos no país.

Já nesta quinta-feira registou-se o maior número de mortes por covid-19 desde o início da pandemia, 118, dia em que morreram no país 522 pessoas. Não sendo conhecidas comorbilidades dos doentes, a covid-19 é o fator novo num ano em que a gripe mantém uma atividade «esporádica», segundo o Instituto Ricardo Jorge, a que se junta agora o frio, que tem também um impacto na mortalidade mas, geralmente, com algum desfasamento.

Com as baixas temperaturas, é expectável que o número de mortes aumente ainda mais na próxima semana. No pior inverno das últimas décadas, 1998/99, houve um excesso de mais de 8 mil mortes ao longo dos meses frios do ano.

A plataforma eVM revela que o excesso de mortalidade tem sido vivido especialmente na região Norte, região de Lisboa e Vale do Tejo e no Alentejo, e sobretudo acima dos 65 anos de idade. Se nos últimos meses isso tinha acontecido sobretudo nas idades mais elevadas, acima dos 75 anos, agora há picos maiores também entre sexagenários.