Imunidade global contra a covid-19 não será possível este ano, admite OMS

“Mesmo com a proteção dos mais vulneráveis com as vacinas, não atingiremos um nível de imunidade de grupo em 2021. Mesmo que isso aconteça será apenas em alguns países, não em todo o mundo”, afirmou a cientista chefe da OMS.

Imunidade global contra a covid-19 não será possível este ano, admite OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) assumiu, esta segunda-feira, na conferência de imprensa virtual, que não será possível desenvolver neste ano uma imunização de grupo a nível global contra o novo coronavírus, considerando o tempo necessário para a produção das diversas vacinas.

"Mesmo com a proteção dos mais vulneráveis com as vacinas, não atingiremos um nível de imunidade de grupo em 2021. Mesmo que isso aconteça será apenas em alguns países, não em todo o mundo", afirmou Soumya Swaninatha, cientista chefe da OMS.

Na conferência de imprensa virtual, que teve como local a cidade de Genebra, a responsável cientifica da OMS explicou que, para haver as doses necessárias para permitir uma imunidade de grupo global, é preciso fabricar muito e isso “leva tempo”, pedindo desta forma “paciência” e atenção às medidas de saúde pública que já se provaram ser eficazes.

"É importante lembrar os governos e as populações das suas responsabilidades e das medidas que precisamos de continuar a implementar, pelo menos até ao fim deste ano", recordou Soumya Swaninatha na conferência da OMS.

Já Bruce Aylward, médico epidemiologista canadiano, aproveitou a conferência de imprensa para avisar que mais de 40 países já começaram a vacinar contra a covid-19 com cinco vacinas diferentes, de forma a mostrar que a OMS está "tentar acelerar a distribuição das vacinas" para os países elegíveis para o mecanismo COVAX (programa criado pela OMS e outras entidades para promover uma distribuição equilibrada das vacinas dos fármacos no mundo). "A boa vontade não protege as pessoas. Precisamos das doses de vacinas e precisamos rapidamente", advertiu Bruce Aylward.

O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse novamente que o objetivo da OMS é ver as "vacinas a serem distribuídas de forma justa nas próximas semanas", e ainda incentivou os "países a participarem no COVAX", de modo a "criar a maior mobilização em massa da história para uma vacinação justa".

Durante o próximo fim de semana, a OMS irá receber informações sobre a nova variante notificada pelo Japão, alertando assim para a maior disseminação do vírus, sendo que poderá sofrer novas alterações.

"Neste momento, as variantes não parecem apresentar uma maior severidade da doença, mas precisamos de manter as medidas básicas de saúde pública mais do que nunca", assinalou o responsável da OMS.

Depois de ser descoberto, pela primeira vez, o vírus em Wuhan, há cerca de um ano, Tedros Ghebreyesus congratulou a equipa internacional de cientistas de dez países que irão para a China estudar, juntamente com os pares chineses, a origem do vírus que provoca a covid-19.

“Estas evidências científicas criarão hipóteses que serão usadas para estudos de longo prazo, que são importantes, não apenas para a covid-19, mas também para o futuro da segurança sanitária em relação a doenças com potencial de pandemia", confessou Tedros Ghebreyesus na conferência de imprensa.