Casa em forma

 Como era expectável, a pica não só não foi remédio santo como foi incapaz de permitir que a adrenalina num novo começo se prolongasse pelo menos por mais uns tempos.

Menos de duas semanas depois das boas-vindas ao novo Ano, termina a euforia. Como era expectável, a pica não só não foi remédio santo como foi incapaz de permitir que a adrenalina num novo começo se prolongasse pelo menos por mais uns tempos. E, de repente, já fazemos todos nova contagem decrescente, agora para sermos reencaminhados para a toca mais uma vez. Faço uma rusga pelos armários cá de casa e admiravelmente ainda estão em ordem. Agora que bem se dispensava a possibilidade de voltar a reorganizar a casa, eis que chega a segunda oportunidade, só para lembrar que de vez em quando esta também bate duas vezes à porta. Mas será a única, que depois disso é hora de meter as trancas, na tentativa de pelo menos adiar que o bicho entre sem autorização e nos roube o único desejo que foi consensualmente pedido a nível mundial nos primeiros segundos de 2021.

Com a hipótese de limpar a cozinha a fundo de novo colocada de parte, para já, lembro-me que posso atingir o nível seguinte no que respeita à roupa: organizá-la por cores talvez seja tarefa para ocupar boa parte do tempo livre. Sorrio assim que me coloco esse desafio porque sei logo à partida que não vai acontecer. À semelhança dos treinos de 15 minutos com Pamela Reif, a jovem alemã que se tornou viral na primeira vaga da pandemia por ter colocado milhões dos seus seguidores do mundo inteiro a assistir aos seus vídeos e a ficar em forma. Da minha parte, entro nas estatísticas apenas no número de visualizações, que só de assistir sentada aos primeiros três minutos foi suficiente para perder o fôlego. Mas não desisti no primeiro momento, atenção – sou capaz de ter visto pelo menos uns cinco planos de treino. Faltou a parte seguinte, mas também por isso vou acreditando que andar com o aspirador para trás e para a frente deve sugar algumas calorias. E, pelo menos, vai ficando a casa em forma.

Talvez seja boa altura para dar nova volta à gaveta dos pijamas. A das meias ficou resolvida no primeiro capítulo do confinamento, por motivos óbvios. Que o problema há muito que deixou de ser ter meias de cores diferentes, mas não convém serem como os Geox, os ténis que respiram… Sobretudo agora, com este frio.