A irmandade eterna no Golfo

Maio de 2017, que coincidiu também com o mês do Ramadão, começou o bloqueio ao Estado do Qatar, pelos ‘irmãos’ do Golfo Arábico, Arábia Saudita, Bahrain e Emirados Árabes Unidos, como também do aliado destes, o Egito. O Qatar de forma inesperada, ficou sem oxigénio por alguns dias, no entanto, Kuwait, Omã, os outros ‘irmãos’…

Maio de 2017, que coincidiu também com o mês do Ramadão, começou o bloqueio ao Estado do Qatar, pelos ‘irmãos’ do Golfo Arábico, Arábia Saudita, Bahrain e Emirados Árabes Unidos, como também do aliado destes, o Egito.

O Qatar de forma inesperada, ficou sem oxigénio por alguns dias, no entanto, Kuwait, Omã, os outros ‘irmãos’ do Golfo apesar de terem uma posição neutra, estiveram, e, incentivaram o diálogo, a via da diplomacia, e, não de uma imposição de forma unilateral dos países que suspeitaram do Qatar.

Além dos estados neutros, o Qatar teve o apoio da Turquia, dos EUA, do Reino Unido, entre outros, para fazer face ao bloqueio de que foi alvo, de forma inesperada, o país transformou-se numa ilha.

É importante perceber, que este acordo, foi feito sem condições algumas, impostas por quem quer que seja.

A independência, o respeito pelas políticas de cada país, foram, e, vão ser respeitadas, nenhuma das condições previamente estabelecidas ao Qatar, para chegarem a um acordo de paz, foram colocadas em cima da mesa.

Problemas resolvidos, e, fronteiras abertas desde o dia 4 de janeiro de 2021, consumada com a assinatura do acordo de Al- Ulá, no dia 5 de janeiro de 2021, com a presença dos maiores intervenientes da história, o príncipe herdeiro saudita, Mohamad bin Salman, e o Rei do Qatar, Tamim bin Hamad. Também estiveram presentes todos os outros líderes dos países do Golfo, no entanto os mais importantes foram estes dois, não esquecendo porém, o papel do Kuwait, na intermediação do conflito dos irmãos do Golfo.

A forma como o antigo Rei do Kuwait, o Sheikh Sabah Al Ahmad, trabalhou com a ajuda de Donald Trump (Jarred Kushner) foi crucial.

A importância do Kuwait, como país neutro, e, o papel de pacificador, fez com que a região, hoje, respire outra vez, um clima de paz.

No meio dos povos beduínos no mundo árabe, é normal, haverem este tipo de conflitos, uma característica muito pouco falada, mas a história encarrega-se de explicar este fenómeno.

Algo que foi apenas resolvido gradualmente, com o aparecimento do Profeta Mohammad que conseguiu transformar um povo, e, mudar a sua forma de estar na sociedade.

No entanto, também é característico, que o volte face, seja mais efusivo, e, mais forte.

Demonstração desse afeto próprio, é o abraço sentido entre Mohamad Bin Salman, e, Tamim Bin Hamad, quando o segundo chegou a Al-Ulá, no Reino da Arábia Saudita, para consumar a paz entre todos os países da região, incluindo o Egito. Enviando uma mensagem direta para os povos, que esta paz é real, e, não uma paz ‘podre’.

É comum, pensarmos, quem foram os beneficiados, e, os prejudicados.

Todos perderam, como disse o Sheikh Mohammad Bin Abdul Rahman Bin Jassim Al Thani, o vice-primeiro-ministro do Qatar, todos os estados vão sair desta quezília, mais unidos, porque, após um conflito, a irmandade torna-se mais sólida, e, blindada.

Trump, vai ficar ligado como herói, e, como vilão nesta história, tudo começou após a visita de Trump à Arábia Saudita, em maio de 2017, e, vai terminar quando termina o seu mandato em janeiro de 2021.

Os EUA têm uma presença forte no Golfo há longos anos, e, Trump não vai deixar escapar esta oportunidade, de continuar ligado aos grandes grupos do golfo arábico, que geram biliões todos os anos.

Em suma, os atores principais, deste enredo, foram Trump, Jared Kushner, Mohammad Bin Salman, Tamim Bin Hamad, Sabah Al Ahmad, Mohammad Bin Zayed e, por fim, o rei atual do Kuwait, Nawaf Al Sabah.

O Golfo como um todo, é, uma potência, económica, financeira, cultural e religiosa, como poucas, cabe também a Portugal, perceber como poderá beneficiar dessa região.