Pandemia domina campanha na reta final para as eleições presidenciais

Combate à pandemia, reforço na saúde, fecho das escolas e abstenção dominam discursos. Ventura pediu à direita que mostre um cartão vermelho a Marcelo.

A campanha eleitoral para as presidenciais entrou na reta final, e o tema da pandemia da covid-19 domina os discursos dos candidatos, a começar pela situação das escolas, com a ex-eurodeputada socialista Ana Gomes já a admitir que possa ser “indispensável” o seu encerramento. A candidata apoiada pelo PAN e o Livre admitiu, no limite, a suspensão da campanha, mas só em situação de “calamidade” em que as autoridades e o Governo considerem que não há condições para quaisquer movimentos.

Também João Ferreira, candidato apoiado pelo PCP e o pelo PEV, está a acompanhar o evoluir dos números e da situação da pandemia para fazer a sua agenda diária de campanha. E claro, mostrou-se preocupado com a abstenção: “Claro que me preocupa, tenho-o dito desde o início. Foi positivo que se tivessem criado possibilidades, por exemplo, no que toca ao voto de mobilidade antecipado, que teve uma participação nunca vista antes, quer relativamente à criação da possibilidade de pessoas que estão em confinamento poderem votar no seu domicílio”, afirmou num périplo dedicado aos distritos alentejanos de Portalegre e Évora. Já Marisa Matias, a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda, dedicou o dia ao distrito de Setúbal (terminou com um comício online em Almada) e falou sobre a necessidade de se segurar o emprego e a chegada de apoios efetivos a quem precisa. Mais uma vez insistiu na bandeira bloquista da requisição civil de todo o setor da saúde (privados e setor social). É mesmo “um erro” não o fazer, argumentou a candidata. Por fim, deixou um aviso sobre a votação de dia 24: “O que não correu tão bem no dia do voto antecipado tem obrigação de correr bem no dia do voto”.

Já Marcelo Rebelo de Sousa foi ao campus da Universidade Nova de Lisboa, a SBE, em Carcavelos, apontar caminho também ele para a avaliação do fecho das escolas (a ser feito para a semana após a eleição presidencial) e pediu cautela com a bazuca europeia. “A bazuca foi pensada quando se pensava que a pandemia acabava em outubro passado”, alertou Marcelo. Quanto às ações de campanha, o Presidente admitiu fazer uma ponderação, mas também defendeu que as ações de campanha na área da Saúde podem vir a demonstrar que “a democracia não está suspensa”. Isto no dia em que o PSD da Madeira declarou o apoio a Marcelo, mas também advertiu que deveria ter-se pensado o adiamento das eleições presidenciais.

Tiago Mayan Gonçalves, apoiado pela Iniciativa Liberal, ficou no Norte do país e participou numa videoconferência onde se alertou para o fecho de 111 lojas na Baixa do Porto. Por sua vez Vitorino Silva, também conhecido por Tino de Rans, voltou a avisar que a sua campanha será feita online: “Os políticos têm de pensar no próximo” disse, citado pela RTP3.

Já André Ventura, candidato apoiado pelo Chega, envolto em polémica por ter participado em jantares-comício (a GNR identificou o dono de um restaurante em Braga onde se juntaram 180 apoiantes do candidato), optou por fazer um comício drive-in em Leça de Palmeira, apelando a um exército popular de apoios. Pelo caminho, em Braga, os jornalistas foram hostilizados, o que mereceu um comunicado do Conselho de Redação da RTP, a “condenar” a forma como a equipa foi tratada.

Ontem, em Coimbra, Ventura teve uma manifestação à sua espera. Antes, acusara a esquerda de tentar boicotar a sua campanha. Pelo caminho pediu um cartão vermelho da direita contra Marcelo.