Ana Gomes não é candidata ‘de fação’

Candidata concorre a segundo lugar e nos últimos dias focou-se em Marcelo. Histórico do PS diz que embaixadora representa valores do partido.

Ana Gomes não é candidata ‘de fação’

Se as sondagens estiverem certas, Ana Gomes, ex-eurodeputada socialista, corre por um segundo lugar nas eleições presidenciais. A candidata, que não teve o apoio oficial do PS, começou a campanha a atacar, sobretudo, André Ventura, mas aos poucos, focou-se em Marcelo Rebelo de Sousa. A última farpa foi para as preocupações do Presidente incumbente e apontou-lhe a responsabilidade de trabalhar para a abstenção ao desvalorizar as eleições.

Do lado PS, o apoio surgiu tímido, normalmente com a presença de secretários de Estado em conferências de debate online. Apesar de ter contado com figuras de peso como Manuel Alegre, João Cravinho ou Francisco Assis. A caravana de Ana Gomes chegou a estar suspensa, devido ao contacto de risco com Marcelo após um falso teste positivo à covid-19, mas ganhou forma aos poucos.

Embalada pelas sondagens, Ana Gomes até admitiu uma segunda volta. No último dia de campanha, surge Pedro Nuno Santos, ministro e um peso pesado do aparelho socialista. Na véspera tinha sido a vez de Duarte Cordeiro, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, e um dos elementos do núcleo duro de António Costa.

E o que fará com todos os votos que obtiver? João Cravinho, antigo ministro socialista começa por lembrar ao Nascer do Sol que «a embaixadora Ana Gomes é uma mulher de causas e da defesa dos princípios fundamentais em que assenta a democracia». Por isso, «uma pessoa com estas características, se ficar em segundo lugar, ou se não tiver o cargo de Presidente da República, continuará a ter causas e a ter grandes combates, mas neste altura, com uma responsabilidade de ter sido participante nas próprias presidenciais», apontou João Cravinho, elencando áreas como o combate à corrupção, o debate sobre a regionalização, sobretudo numa altura tão difícil, em que os problemas «não se resolvem pelo centralismo». Para o PS fica o recado: «Deveria ter tido um candidato oficial», uma ideia defendida também por Alegre. E nem é pelo facto de haver outros candidatos com valores. Marcelo, por exemplo, tem-nos. Problema? «É de direita.» Ana Gomes «não é uma candidata de grupo, de fação, de dissidência» e alinha-se nos valores e nos princípios do partido de solidariedade e igualdade de oportunidades, numa altura em que é decisivo a defesa destes valores, concluiu João Cravinho. Para já, Ana Gomes promete incentivar Pedro Nuno Santos a concorrer a líder do PS no futuro.