Marcelo reeleito com mais votos do que Cavaco e Sampaio

Marcelo Rebelo de Sousa venceu à primeira volta com mais de 60% dos votos. Só Soares conseguiu melhor.

Marcelo Rebelo de Sousa ganhou à primeira volta com mais de 60% dos votos. Não atingiu os 70% de Mário Soares, mas conseguiu ser reeleito com um resultado melhor do que Cavaco Silva, Jorge Sampaio e Ramalho Eanes.

O atual Presidente e recandidato ficou muito distante de todos os outros candidatos. Ana Gomes, que ficou em segundo lugar, teve 13% dos votos e André Ventura, em terceiro lugar, conseguiu 11,9%.

A esquerda junta ficou muito distante do resultado conseguido há cinco anos com pouco mais de 20% dos votos. João Ferreira teve 4,3% dos votos (mais do que Edgar Silva, em 2016)  e Marisa Matias, que se candidatou pela segunda vez, teve uma grande queda com menos de 4%. Nas últimas presidenciais, a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda ultrapassou os 10%.

Os liberais, que se estrearam nas presidenciais com Tiago Mayan Gonçalves, conseguiram 3,2% dos votos. Uma subida significativa em relação às eleições legislativas. Por último, Vitorino Silva somou quase 3% dos votos, menos do que nas últimas eleições presidenciais.

Marcelo, que assistiu aos resultados em sua casa, em Cascais, foi o último a falar. O Presidente da República reeleito prometeu estabilidade, mas também mais exigência.

Marcelo Rebelo de Sousa começou o discurso de vitória,  no átrio da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, a lembrar os números de infetados e de mortes e várias vezes apontou a gestão da pandemia e da crise económica e social como uma das prioridades.

O Presidente reeleito lembrou que os portugueses lhe deram uma votação mais expressiva do que há cinco anos e “querem mais e melhor em proximidade, convergência, estabilidade, exigência, e de modo mais urgente em gestão da pandemia. Entendi o sinal e retirarei as ilações”.

 

Presidente de todos

Marcelo Rebelo de Sousa garantiu que será o “Presidente de todos e de cada um dos portugueses”.

Os portugueses “não querem uma pandemia interminável, uma crise económica, um empobrecimento, um recuo na comparação com outras sociedades europeias, um sistema político lento a perceber as mudanças, um extremismo nas pessoas e nas atitudes sociais e políticas”, acrescentou.

Para o Presidente reeleito, os portugueses querem “uma pandemia dominada o mais rápido possível, emprego, crescimento e mercado interno, uma perspetiva de futuro para micro e pequenas empresas, uma presidência portuguesa na Comissão Europeia fortalecendo o papel de Portugal na Europa e no mundo”.

E acrescentou: “Querem combate à pobreza, à desigualdade e à exclusão, querem um sistema politico estável com governação forte, sustentada e credível e uma alternativa também forte para que a sensação de vazio não convide a desesperos e aventuras”.

Marcelo voltou a apelar para que tudo seja feito para “travar e inverter um processo que está a pressionar as nossas estruturas de saúde”.

 

PSD quer PR mais exigente

PSD, CDS, mas também os socialistas, congratularam-se com a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa. O presidente dos socialistas, Carlos César, foi o primeiro a falar e considerou que “a sua vitória é uma boa notícia para o PS porque é uma boa notícia para a confirmação do regime democrático”.

Carlos César defendeu que o PS fez bem em não apoiar oficialmente nenhum candidato e acredita que, a reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa, significa “a continuidade de uma prática responsável de cooperação institucional entre o Governo e a Presidência da República”.

Rui Rio congratulou-se com a vitória do “candidato do centro”, mas deixou clara que espera que o segundo de mandato de Marcelo seja “mais exigente com o Governo”.

O líder do PSD, que falou na sede do partido, considerou que “é preciso dizer basta” e que “o sentimento dos militantes do PSD” é que a partir de agora o Presidente da República seja mais exigente.

Para Rui Rio, “a marca mais forte destas eleições é seguramente a derrota do Partido Socialista. Se há alguém derrotado é o PS, que numa eleição tão importante como o Presidente da República não se conseguiu rever em nenhum candidato”.

Já Francisco Rodrigues dos Santos, líder do CDS, manifestou a “tremenda satisfação” dos centristas com a reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa. O líder do CDS realçou que “a esquerda teve o pior resultado de sempre em eleições presidenciais”. O CDS, pela voz de António Carlos Monteiro, já tinha manifestado o desejo de que estas eleições contribuam para “a direita construa uma alternativa”.