Imobiliário resiste: preço das casas aumentou em 65,1% dos municípios em 2020

As conclusões são da consultora imobiliária Imovendo, e surgem no relatório de janeiro que analisa o comportamento imobiliário a nível regional em 2020 divulgado esta segunda-feira. O relatório prevê um gradual ajustamento em baixa dos asking prices atualmente praticados até ao fim do primeiro trimestre de 2021.

O imobiliário em Portugal mostrou sinais “de grande resistência, e mesmo dinamismo” em 2020, uma vez que “em 65,1% dos municípios assistiu-se a um aumento homólogo dos asking prices – preço de venda ou oferta – registados em ambos os segmentos residenciais (apartamentos e moradias)”. As conclusões são da consultora imobiliária Imovendo, e surgem no relatório de janeiro que analisa o comportamento imobiliário a nível regional em 2020 divulgado esta segunda-feira.
 
Segundo a consultora, em 8,5% dos concelhos foi possível observar um comportamento “misto”, em que um dos segmentos evidenciou um comportamento expansionista dos preços, ao passo que o outro começou já a ajustar-se a um contexto económico mais conservador, sendo expectável que o peso deste conjunto de municípios tenda a crescer ao longo de 2021, dada a manutenção das principais variáveis que impactam no setor.
 
Por outro lado, 26,4% dos concelhos acabaram o ano de 2020 já a experimentar um ajustamento em baixa nos valores de ambos os segmentos de mercado residencial, um indicador que em apenas dois meses cresceu mais de sete pontos percentuais, o que revela, “não só um final de ano de crescente reposicionamento do produto residencial, como de dilatação dos tempos médios de divulgação e uma maior pressão para escoar os ativos por parte das famílias”.

Para a Imovendo, 2020 foi “um ano atípico, mas que não de rutura com as principais tendências exibidas pelo mercado nos últimos cinco anos, pois apesar do arrefecimento real no número de transações realizadas (que em termos anuais deverá rondar entre os 8,7% e os 9,9%) e das enormes limitações à mobilidade internacional que caracterizaram o ano transato, as regiões mais expostas ao turismo e aos fluxos de investimento imobiliário internacionais, por exemplo, mostram claros sinais de resiliência, que permitiram que os asking prices praticados, tanto em apartamentos, como em moradias, mantivessem uma trajetória de crescimento na maioria dos seus municípios”.
 
Por exemplo, no Algarve e na Madeira constata-se que os preços das moradias cresceram entre dezembro de 2019 e dezembro de 2020 em todos os municípios do distrito de Faro e em sete dos 11 municípios do arquipélago da Madeira, verificando-se igual tendência nos apartamentos, em que apenas foi observado um ajustamento em baixa em quatro dos 16 municípios algarvios.
 
 O que esperar em 2021? O ano de 2021 será caracterizado, no essencial, por três grandes forças que vão caracterizar o comportamento imobiliário na maioria dos municípios portugueses, de acordo com a consultora. Prevê-se a diminuição da procura imobiliária e consequente diminuição do número de transações realizadas, que poderá alcançar os dois dígitos em áreas mais dependentes de forma direta ou indireta do turismo, bem como nas áreas urbanas mais consolidadas, fortemente dependentes da procura assegurada pelo mercado interno.

A Imovendo espera também um gradual ajustamento em baixa dos asking prices atualmente praticados, o que implicará, muito provavelmente, que até ao fim do primeiro trimestre de 2021 a maioria dos municípios evidencie uma evolução homóloga negativa deste indicador, em pelo menos um dos segmentos de mercado. E, por fim, a consultora acredita na revitalização do produto imobiliário em divulgação, uma vez que com a deterioração dos principais equilíbrios macro-económicos, com o mais do que previsível aumento do desemprego e com o gradual fim das moratórias, será de esperar que mais imóveis sejam colocados no mercado, a preços mais competitivos, reforçando o movimento indicado no ponto anterior