Amadora-Sintra transfere 48 doentes para tentar “estabilizar” rede de oxigénio

Hospital chegou esta terça-feira aos 363 doentes internados com covid-19, 30 em cuidados intensivos. Alarmes do fornecimento de oxigénio dispararam. 

O Hospital Amadora-Sintra vai transferir esta noite 20 doentes com covid-19 que precisam de ventilação assistida para o Hospital de Santa Maria e outros 11 doentes já estabilizados e mais perto da alta clínica vão ser enviados para o hospital de campanha do Estádio Universitário de Lisboa e para o Hospital Miliar.

Fonte oficial do hospital indicou ao i que estas eram as transferências programadas depois da rede interna de fornecimento de oxigénio ter entrado em sobrecarga ao final do dia. Entretanto, em comunicado, o hospital fez saber que ao todo serão transferidos 48 doentes, uma vez que "a situação tornou aconselhável o número de doentes internados a quem é necessário administrar oxigénio em alto débito". "Queremos acreditar que é o necessário para estabilizar a rede", disse esta noite Rui Santos, enfermeiro-diretor do Amadora-Sintra.

Os alarmes dispararam nas enfermarias quando a pressão deixou de estar assegurada, o que o hospital atribui ao elevado número de doentes com covid-19 internados no hospital e a precisar de ventilação. Hoje o Amadora-Sintra chegou aos 363 doentes com covid-19 internados, 30 dos quais em cuidados intensivos, quando o plano de contingência previa no máximo 317 doentes com covid-19 em enfermaria. É o hospital com mais doentes com covid-19 internados na região de Lisboa. Os hospitais de Lisboa têm neste momento mais de 2700 doentes internados com covid-19, mais do dobro do início do ano. No Amadora-Sintra a 1 de janeiro havia 74 doentes internados com covid-19 e são agora mais do triplo.

O hospital tem estado a reforçar a rede de oxigénio com trabalhos em curso para um novo tanque de apoio ao serviço de urgência mas a instituição afasta uma relação entre o incidente e a intervenção recente na infra-estrutura. Fonte oficial da instituição garante que nenhum doente ficou sem ventilação.

No comunicado emitido esta noite, o hospital salienta que "não está em causa a disponibilidade de oxigénio ou o colapso da rede, mas sim a dificuldade da estrutura existente para manter a pressão. Assim, é necessário aliviar o consumo de oxigénio para estabilizar a rede e repor a normalidade".

No final da semana passada o hospital informou que estava a reforçar a rede interna de fornecimento de oxigénio, com trabalhos em curso, precisamente por causa da resposta à covid-19. "Esta patologia obriga a que os doentes sejam tratados com oxigénio em alto débito, levando assim a estrutura hospitalar a adaptar-se a essa realidade", disse o hospital em comunicado.

Já tinha sido instalada uma nova rede de oxigénio na Torre Amadora para reforço da rede já existente, "visando a manutenção de fluxos para estabilização da rede de oxigénio face ao elevado consumo", informou a unidade. "Toda a rede de oxigénio do HFF é abastecida por um tanque com 30 metros cúbicos com capacidade para seis dias de consumo. Além deste tanque principal, existe ainda um quadro de emergência com capacidade para cinco horas de autonomia, bem como um stock de cilindros de oxigénio de 5, 30 e 50 litros, o qual que é reposto diariamente."

Tinham entretanto iniciado os trabalhos para a instalação de um novo tanque de oxigénio, com uma capacidade de 13 metros cúbicos, uma infra-estrutura que deveria ficar concluída dentro de três semanas, disse o hospital, adiantanto que iria também ser instalado um tanque de oxigénio para alimentar em exclusivo a Área Dedicada a Doentes Respiratórios do Serviço de Urgência.

Atualizado às 23h com informação divulgada pelo hospital.