Vital Moreira considera que resultado do Chega nas presidenciais “é motivo de enorme preocupação”

Vital Moreira considera que resultado introduz um elemento altamente perturbador quanto à alternativa de Governo.

O constitucionalista Vital Moreira considera que o resultado de André Ventura nas eleições presidenciais é “motivo de enorme preocupação” e “um elemento altamente perturbador quanto à futura alternativa de Governo à direita em Portugal”.

No blogue Causa Nossa, em que escreve sobre os resultados das eleições presidenciais deste domingo, Vital Moreira considera que Rui Rio tem “dois grandes motivos de preocupação”. Primeiro, o surgimento de “um forte e agressivo partido competidor à sua direita, que, aliás, drena parte do seu eleitorado mais conservador”. Em segundo lugar, “a perspetiva de que, a manter-se esta nova correlação de forças à direita, o PSD só pode voltar ao poder com o apoio do Chega, o que tenderá a afugentar o eleitorado mais centrista do partido”.

O constitucionalista começa por escrever que, apesar de André Ventura ter ficado atrás de Ana Gomes, com 11,9% dos votos, o resultado que conseguiu “é só por si motivo de enorme preocupação, quanto à consolidação de um espaço político da ultra direita no sistema partidário” em Portugal. “Não se trata somente da ameaça política da nova força populista e autoritária em si mesma, mas, fragmentando a direita, à custa do CDS e do PSD, ela introduz um elemento altamente perturbador quanto à futura alternativa de Governo à direita em Portugal”.

Esquerda fragilizada Para Vital Moreira, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa foram os grandes vencedores destas eleições presidenciais.

O primeiro-ministro e secretário-geral do PS “ajudou a eleger Marcelo Rebelo de Sousa com uma sólida vitória, como era do seu interesse, em termos de estabilidade política” e “tirou partido da ida do Bloco de Esquerda e do PCP a votos, com candidaturas oficiais, os quais registaram uma indesmentível derrota, enfraquecendo, por isso, a oposição da esquerda radical ao Governo”.

Por último, o ex-eurodeputado socialista considera que “a baixa captação de voto socialista por Ana Gomes enfraquece o desafio da ala esquerda do PS na liça interna pelo controlo do partido e pela futura liderança”.