Ordem dos Enfermeiros escreve carta a Marcelo sobre atitude “indigna e vergonhosa” de autarcas vacinados antes dos profissionais de saúde

Ana Rita Cavaco destaca que é “seguramente” do conhecimento de Marcelo que “alguns autarcas e outros sem direito a vacinação prioritária, numa atitude indigna e vergonhosa, e numa altura tão difícil para todo o país, aceitaram um esquema para se poderem vacinar antes do tempo”.

A Ordem dos Enfermeiros escreveu ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a pedir a sua intervenção a propósito da campanha de vacinação contra a covid-19, numa altura em que não estão vacinados todos os profissionais de saúde, e ao mesmo tempo que, “como é do conhecimento público, há autarcas a contornarem o plano para se vacinarem antecipadamente”.

Na missiva, a entidade, liderada por Ana Rita Cavaco, esclarece que não discute a vacinação das mais altas figuras do Estado, a par dos grupos prioritários, mas “está frontalmente contra a inclusão, nesta fase, de autarcas ou outros titulares de cargos públicos que não sejam as mais altas figuras do Estado Português nos grupos prioritários”, quando há “pouquíssimos” enfermeiros dos Cuidados de Saúde Primários vacinados, “já para não falar dos Enfermeiros do setor privado”.

Ana Rita Cavaco destaca que é “seguramente” do conhecimento de Marcelo que "alguns autarcas e outros sem direito a vacinação prioritária, numa atitude indigna e vergonhosa, e numa altura tão difícil para todo o país, aceitaram um esquema para se poderem vacinar antes do tempo”.

A bastonária dos enfermeiros recorda na mesma carta que ainda “nem teve início a vacinação dos bombeiros, que são responsáveis por cerca de 90% do transporte em emergência extra hospitalar”, e que os estudantes de enfermagem em ensino clínico e em contacto direto com doentes covid-19 não estão incluídos em qualquer grupo prioritário de vacinação, apesar de a Ordem dos Enfermeiros “o ter proposto e reiterado junto das autoridades de Saúde”.

Na mesma carta, a Ordem dos Enfermeiros lembra ainda que propôs a criação e a gestão de centros de vacinação, com enfermeiros, fora do horário de funcionamento dos Cuidados de Saúde Primários, para os quais continuam disponíveis membros de órgãos executivos desta Ordem a título pro-bono. “Dispomo-nos, inicialmente, a assumir a organização de três deles, em Lisboa, Porto e Coimbra, podendo avaliar-se a possibilidade de expansão a outros pontos do país”, lê-se na missiva, que solicita a ajuda e intervenção do chefe de Estado na concretização desta proposta.