Portugal e Marrocos assinam acordo de cooperação no hidrogénio verde

O acordo foi assinado pelo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e o ministro da Energia, Minas e Ambiente de Marrocos. Numa nota oficial, os ministros reconhecem que “o hidrogénio verde uma fonte de energia mais limpa e sustentável, com uma crescente importância para o futuro de ambos os países e para a sustentabilidade ambiental”.

O Governo português assinou esta terça-feira com Marrocos uma declaração conjunta sobre cooperação para o hidrogénio verde. Em comunicado, o Executivo de António Costa divulgou que o acordo foi assinado pelo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e o ministro da Energia, Minas e Ambiente de Marrocos.

“Nesta declaração, os ministros reconhecem a oportunidade estratégica que a descarbonização da economia e a transição energética representam. Os governantes consideram ainda o hidrogénio verde uma fonte de energia mais limpa e sustentável, com uma crescente importância para o futuro de ambos os países e para a sustentabilidade ambiental”, lê-se na nota.

De acordo com o comunicado, “os ministros acordaram fortalecer a cooperação entre os dois países, para deste modo alinharem as suas prioridades estratégicas em relação ao hidrogénio verde com as políticas de descarbonização”.

Marrocos é um país produtor de hidrogénio verde e tem mesmo previsto um projeto em larga escala para a construção da primeira fábrica de hidrogénio verde em África, com uma capacidade de eletrólise de cerca de 100 MW. O projeto prevê que a comercialização desta energia arranque em 2024 ou 2025. Exportar para os países mais industrializados da Europa – nomeadamente Alemanha – é um dos objetivos.

Recorde-se que o Governo português também está convencido de que o hidrogénio verde será o combustível do futuro e pretende colocar Portugal na vanguarda da produção e exportação. A denominada Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2) – também defendida no plano de recuperação do consultor do Governo António Costa Silva – prevê ‘alimentar’ o país, fazendo chegar a energia, por mar, até aos Países Baixos e à região do Vale do Ruhr, na Alemanha.

Portugal e Países Baixos inclusive já assinaram um memorando de entendimento tendo em vista uma candidatura conjunta de projetos de hidrogénio verde aos financiamentos provenientes do Projeto Importante de Interesse Europeu Comum (IPCEI na sigla inglesa) – que, segundo as regras comunitárias, teria sempre de ser concretizada por, pelo menos, dois Estados-membros. O Governo português já selecionou 37 projetos que, segundo a tutela, reúnem condições para passarem à fase seguinte e serem concretizados, representando um investimento total na ordem dos nove milhões de euros.

Entretanto, o Governo também aguarda pela resposta de Bruxelas ao apelo feito por carta, em dezembro, pelo ministro João Pedro Matos Fernandes, para a criação de um mecanismo transfronteiriço que permita subsidiar a produção da energia. O objetivo seria criar uma ferramenta para apoiar a produção de hidrogénio verde no país de origem (Portugal) com subsídios oriundos dos países importadores (Países Baixos e Alemanha).

O Governo avança com a possibilidade de os países importadores apoiarem em 50% o preço do custo da energia elétrica usada para produzir hidrogénio verde em Portugal (com um custo estimado entre os 2,5 e os 3,5 euros por quilo) o que permitiria reduzir o custo de aquisição em 35% (passando para os 1,6 a 2,3 euros) – a eletricidade usada na produção poderia ainda ser usada nas contas nacionais de uso de energias renováveis dos países importadores.