Morreu aos 44 anos Bruno Navarro, presidente da Fundação Côa Parque

Morreu este sábado, de doença súbita, o historiador Bruno Navarro, que, em 2017, tinha assumido a presidência da fundação que gere o Museu e o Parque Arqueológico do Vale do Côa

Nascido em 1977, em Coimbra, Bruno Navarro viveu na freguesia de Freixo de Numão, no concelho de Vila Nova de Foz Côa, no distrito da Guarda, até terminar os estudos liceais. Chegou depois à capital, onde se licenciou em História pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, onde concluiu também um mestrado em História Contemporânea. Além de investigador, era docente em várias universidades, tendo assumido a presidência do Conselho Directivo da Fundação Côa Parque em junho de 2017, por nomeação do então ministro da Cultura Luís Filipe Castro Mendes.

O vínculo ao Partido Socialista estendia-se ainda a um lugar de deputado municipal em Vila Nova de Foz Côa, isto depois de ter sido adjunto do ex-presidente da autarquia, Emílio Mesquita. A sua nomeação em 2017 foi alvo de contestação entre os arqueólogos que viram nela desenhar outro dos esquemas de favorecimento que caracterizam a penetração no aparelho de Estado da máquina socialista, tendo um especialista em História Contemporânea, sem currículo académico ou experiências nas áreas do património ou da arqueologia sido indicado para a desejada posição.

Assumiu funções pouco tempo depois da vandalização da gravura do Homem de Piscos, uma das gravuras rupestres mais conhecidas do Parque Arqueológico do Vale do Côa, tendo os responsáveis sido ilibados este mês. Na altura, Navarro discordou da posição do tribunal, afirmando que o acto fora premeditado e que pretendia recorrer da decisão, de modo a que os dois arguidos de 37 anos satisfaçam um pedido de indemnização de 125 mil euros. O acto de vandalismo foi praticado em abril de 2017, quando, a meio de um passeio de BTT, os dois gravaram numa pedra, por cima da gravura de um homem do Paleolítico com uma erecção e que parece ejacular, desenhos de uma bicicleta e de um homem em traço estilizado, e ainda as letras BIK.

O tribunal aceitou que os dois arguidos não tinham consciência de que “houvesse um gravura rupestre” na pedra. Em declarações ao Público, Bruno Navarro disse que, com esta absolvição se dava a entender que “o vandalismo ao património pode ser absolvido”, o que constituiria até “uma espécie de convite” a que actos semelhantes se repitam.