“Eu acredito que o caminho que iniciei está certo e vai dar frutos”. Chicão avança com moção de confiança

“Eu acredito que o caminho que iniciei está certo e vai dar frutos”, disse o líder do partido, depois do repto de Mesquita Nunes. Caminho mais difícil para um congresso extraordinário. Conselho nacional será a 6 de fevereiro por videoconferência e tem um único ponto: a referida moção.

Foi uma semana marcada por demissões no CDS. Francisco Rodrigues dos Santos, presidente dos centristas, falou esta terça-feira pelas 19h20 horas, a partir da sede nacional do partido, para explicar os seus próximos passos. Não cede ao desafio de propor um congresso extraordinário eletivo, pedido por Adolfo Mesquita Nunes e, leva uma moção de confiança ao conselho nacional (órgão máximo entre congressos). O presidente centrista considerou, após uma longa reflexão, que não é hora de abandonar o partido. “Eu fico convosco”, avisou o líder centrista, insistindo que vai submeter a moção em conselho nacional. 

Rodrigues dos Santos lembrou que pegou no partido no pior momento. “Não abandonei o meu partido depois do pior resultado da sua história. Não me escondi”, reiterou numa declaração sem direito a perguntas. O dirigente centrista disse que não ignora os que abandonaram a sua equipa ( e não são poucos), mas contará com o reforços nos próximos dias. “Há muita estrada para andar” e os portugueses querem uma oposição ao governo, que está no seu pior momento, e “não tiros no pé e golos na própria baliza”. "Eu acredito que o caminho que iniciei está certo e vai dar frutos", garantiu.

Ou seja, Rodrigues dos Santos não vê motivos para clarificar o seu mandato a meio com um congresso extraordinário. Bastará uma moção de confiança, tal como fez Rui Rio, líder do PSD, em janeiro de 2019, quando Luís Montenegro o desafiou para eleições diretas. Nessa altura, Rui Rio conseguiu ter o controlo do conselho nacional e o processo eleitoral não avançou. Rodrigues dos Santos espera, agora, que a história se repita no CDS. 

De facto, nos últimos dias, sucederam-se apelos a um congresso extraordinário, a uma clarificação ou até à manutenção da lealdade ao atual líder do partido. Pelo caminho, registou-se mais uma demissão: a do vogal da comissão executiva José Miguel Garcez. A esta saída somam-se a do primeiro vice-presidente do partido, Filipe Lobo d´ Ávila, e dos dirigentes Isabel Menéres Campos. Seguiram-se mais dois na comissão política nacional:Paulo Cunha de Almeida e Tiago Leite. Isto sem contar com mais duas demissões do gabinete de estudos. Ou seja, Chicão, como é conhecido internamente no partido, falou ao país com uma equipa a desmoronar-se.

Na véspera, o challenger de Rodrigues dos Santos, Mesquita Nunes, que precipitou o debate interno sobre o CDS, explicou num vídeo divulgado nas redes sociais, que tinha de avançar agora. E lembrou que “não é possível contar com grupos nem tendências nem fações. A mim não me vão ouvir falar de terrorismo e coisas que tais. Isto não é para fazer a guerra é para fazer mais partido. Não é para andar a controlar quem faz likes em quem e onde, é para falar para o país”, explicou o antigo secretário de Estado do Turismo. Ora, se Rodrigues dos Santos vencer a moção de confiança em conselho nacional, Mesquita Nunes precisará de recolher 4 mil assinaturas para exigir um congresso extraordinário. E terá de o fazer em plena pandemia.