País de Gales anuncia resgate financeiro à Biblioteca Nacional

Medida surge depois de uma petição ter alertado para a extinção iminente de 30 postos de trabalho devido à crise pandémica.

É uma espécie de solução de último recurso para salvar a Biblioteca Nacional de Gales. O governo galês anunciou um pacote de resgate de 2,25 milhões de libras (2,57 milhões de euros) para salvar aquela instituição, depois de nomes como o escritor Philip Pullman se terem juntado ao movimento que se formou nas últimas semanas alertando para a necessidade de apoiar a Biblioteca Nacional para lá dos apoios que haviam já sido disponibilizados pelo Estado para ajudar as instituições culturais a atravessarem a crise gerada pela paralisação generalizada a que obrigou a pandemia de covid-19. A verdade é que a crise atual só veio agravar a situação de fragilidade em que a instituição estava mergulhada havia já vários anos.

E vamos aos números: segundo dados de setembro passado citados pelo Guardian, as receitas da biblioteca registavam uma quebra de 40% entre os anos de 2007 e de 2019. Durante esse período, foram sendo efetuados vários cortes, incluindo no pessoal, com uma perda de 23% do total do número de trabalhadores, situado agora nos 224. Os números constam de um relatório de uma comissão de avaliação nomeada pelo governo, que recomendava que se prestasse “atenção urgente” à situação financeira da instituição.

O cenário que era já negro tornou-se ainda mais preocupante no passado mês de janeiro, quando surgiram os primeiros alertas para o facto de mais 30 postos de trabalho estarem agora em risco. Foi então que uma petição que há duas semanas reunia já 15 mil assinaturas foi lançada. Nesse mesmo texto é feito um apelo a um “financiamento justo” por parte do governo de Gales. “Não se pode esperar que as bibliotecas gerem receitas da mesma forma que os negócios”, lê-se na carta aberta. “A liberdade, a prosperidade e o desenvolvimento da sociedade e dos indivíduos são valores humanos fundamentais, adquiridos por cidadãos bem informados com acesso ilimitado ao pensamento, à cultura e à informação”. Ao grupo juntou-se Philip Pullman, autor best-seller britânico que avisou: “A Biblioteca Nacional de Gales está em perigo, e tem de ser salva”.

Depois de à BBC o governo de Gales ter dito em meados de janeiro que não poderia aumentar a dimensão do seu apoio à Biblioteca Nacional devido a “pressões sem precedentes sobre o orçamento”, devidas à pandemia, acabou por anunciar nesta quarta-feira um pacote de resgate financeiro à instituição no valor de 2,25 milhões de libras. O objetivo, justificou o governo, é “salvaguardar os empregos e alcançar novas prioridades estratégicas”. Juntamente com este apoio, foi anunciado também um pacote de 3,95 milhões de libras (4,51 milhões de euros) de apoio ao Museu Nacional de Gales. Segundo Lord Elis-Thomas, vice-ministro da Cultura galês, trata-se de “salvaguardar e apoiar duas das mais importantes instituições culturais [do país] durante este período muito desafiante”.