O CDS ainda vale

Se o CDS pôde viver com os escassos votos de Paulo Portas, depois da sua história mais gloriosa, é porque ainda tem futuro. 

O CDS ainda pode ter um papel importante, pelo menos como sócio do Governo do PSD. Basta que a liderança do PSD se convença que, para seu próprio bem, não deve dar a mão à extrema-direita, como fez nos Açores, mas antes e sempre ao CDS – quando necessite um parceiro.

Os problemas internos do partido é que têm de ser ultrapassados. Mas se o CDS pôde viver com os escassos votos de Paulo Portas, depois da sua história mais gloriosa, é porque ainda tem futuro. Talvez tenha feito mal em afastar José Ribeiro e Castro. Só que os novos do CDS (o António Lobo Xavier ainda recordo que era do tempo do Lucas Pires, no Grupo de Ofir), parece não suportarem ninguém mais ligado ao antigamente. Pena que Ribeiro e Costaro (chutado já por si a meio de um mandato) se mostre tão convictamente apoiante da actual solução. Ou saberá que existe uma conspiração interna oculta contra a actual direcção? Não parece ter feito bem bem o CDS em eleger o actual líder, Francisco Rodrigues dos Santos, demasiado agarrado ao lugar, quando as sondagens o estão a mandar para casa – e apenas com ‘portistas’ a apresentarem-se como alternativas. Ainda por cima, com a falta de visão política que o fez debitar aquele discurso para esquecer na noite das presidenciais. Mas a direita esteve em geral mal nesse dia: Rio esqueceu-se até de que Cavaco tinha apoiado Soares, numa altura talvez menos justificável (Soares era bem conhecido como anti-Cavaquista, e o PSD estava num dos seus melhores momentos). Mesquita Nunes e Nuno Melo talvez não sejam a salvação, como parece não ter sido Assunção Cristas.

A extrema-direita ficou bem contida: por um lado, não houve a onda liberal imaginada por Mayan, que só pode ter querido desafiar internamente Cotrim de Figueiredo pelo lugarzinho que têm no Parlamento; e Ventura ficou atrás de Ana Gomes, e o seu futuro depende da força que o PSD lhe quiser dar, e não o contrário como quis dar a entender naquela espécie de demissão por si inventada com o fim de não se demitir. Mas como as bases deploráveis que tem pensam pela sua (de Ventura) cabeça…