Rácio do crédito malparado acima de 9% em 2022, alerta Moody’s

“Atualmente, os bancos portugueses têm mais de 22% das suas carteiras de crédito debaixo de moratórias de pagamento, uma das mais altas da União Europeia”, alerta a analista da agência de rating.

A Moody’s projeta que o rácio de crédito malparado do sistema bancário português fique acima dos 9% no próximo ano. Este é um valor que fica muito acima dos 5,5% registados no terceiro trimestre do ano passado.

“De acordo com o nosso cenário base, esperamos que o rácio de crédito malparado para os bancos portugueses vá aumentar para acima de 9% em 2022, o que compara com o rácio mais recente de 5,5% no terceiro trimestre de 2020", disse esta quarta-feira Pepa Mori, analista da agência de rating, durante a conferência "Tendências de Crédito – Oportunidades de Crescimento de Portugal pós-pandemia".

Ora, a principal preocupação da agência no que diz respeito à banca nacional “é que a tendência de aumento da qualidade de ativos” registada antes vai “reverter agudamente quando as medidas de apoios aos tomadores de crédito que foram implementadas pelas autoridades terminarem”, como é o caso dos empréstimos com garantia pública e as moratórias.

“Atualmente, os bancos portugueses têm mais de 22% das suas carteiras de crédito debaixo de moratórias de pagamento, uma das mais altas da União Europeia”, alerta a analista, antecipando que “o aumento de crédito malparado só irá ficar totalmente visível depois desta data, se não for aprovada nenhuma extensão adicional pelas autoridades”.

E o turismo? Quando ao turismo, a mesma analista explica à Lusa que “a trajetória da pandemia é bastante desafiante” e por isso a agência tem “expetativas modestas para a época do turismo este verão”. No entanto, não há dúvidas: “As coisas não vão voltar ao normal” nessa altura.

“Certamente esperamos que haja algum nível material de atividade turística e claro que com as vacinações algumas pessoas vão sentir-se muito mais livres para sair, andar de avião, ficar em hotéis ou ir a restaurantes, especialmente nos meses de verão”, diz a analista.

No entanto, a responsável defende que o ‘normal’ “levará algum tempo a recuperar”.